Uma escola de samba entre a urgência de falar sobre questões queefetivamente a representam e as exigências de quem, no fim das contas (e no começo delas), viabiliza o desfile e a manutenção das atividades no barracão. Esse enredo é apresentado ao público no novo espetáculo do Grupo Z de Teatro e do Repertório Artes Cênicas e Cia., “Cinzas de um Carnaval”, que estreia no dia 2 de agosto (sexta-feira), às 19h, na Má Companhia (Centro). A peça, escrita e dirigida por Nieve Matos e Fernando Marques, fará temporada durante todo o mês aos sábados e domingos. No primeiro final de semana, incluindo a sexta-feira, a entrada é gratuita.
O projeto, anteriormente chamado “Em Má Companhia”, nasceu no final do ano passado, quando a Má Companhia, casa sede dos dois grupos há seis anos, estava na iminência de fechar suas portas por falta de verba para manutenção. Após a decisão de apostarem em ações conjuntas, eles montam juntos, neste ano, dois espetáculos – um de teatro e outro de dança, ambos aprovados em editais da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) – e conseguem dar sobrevida às suas atividades na casa, como ensaios, pesquisas, oficinas e apresentações.
“A gente faz uma analogia entre a criação de um enredo de uma escola, seus integrantes e suas funções, e o fazer artístico, o que esbarra na história da casa e dos grupos”, pontua NieveMatos. A maneira de trazer o assunto, segundo Fernando, também pretende ampliar o debate para além de algo que poderia ser muito particular: “é uma forma de falar sobre essas coisas todas sem entrar numa prática ensimesmada de ficar falando só do próprio umbigo”, diz.
Sem dispensar autocrítica e ampliando a temática, “Cinzas de um Carnaval” aponta para alguns caminhos que contam sobre resistência em momentos de crise política. Para isso, aborda desde uma perspectiva histórica da formação do Centro de Vitória – contada a partir da estrutura de um desfile de escola de samba –, até o âmbito privado das relações entre os integrantes desse grupo-comunidade e os impasses gerados a partir dos contextos em que se inserem.
Do barracão para a sala de ensaio – ou pelo caminho inverso –, o processo de montagem do espetáculo aconteceu de forma totalmente colaborativa entre os integrantes dos dois grupos, desde a elaboração da dramaturgia à criação das cenas, passando pela preparação corporal conduzida por Carla van den Bergen e pela direção de arte concebida por Antônio Apolinário, com assistência de Thila Paixão. A produção executiva é de Luiz Carlos Cardoso e Brunela Negreiros, em parceria com a Companhia do Outro.
O espetáculo foi montado com recursos do Funcultura através do Edital 021/2018 da Secretaria de Estado da Cultura do Estado do Espírito Santo.
Com informações da Assessoria de Comunicação da Secult/ES.