A tensão no Equador aumentou nas últimas 24 horas. Após a morte de dois indígenas, eles aumentaram o tom dos protestos.Liderados por Jaime Vargas, presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), os indígenas mantiveram “detidos” dez policiais e cerca de 30 jornalistas durante o dia de ontem (10) na Casa da Cultura em Quito. Quase dez horas depois, no início da noite, decidiram entregá-los sob a supervisão de organismos internacionais como a Anistia Internacional (AI) e a Organização das Nações Unidas (ONU).
Vargas afirmou que os indígenas detiveram os policiais pois eles “infringiram o espaço onde estávamos, mas serão entregues da maneira como saíram de casa, não como fizeram a Polícia e as Forças Armadas com os nossos jovens que agarraram saudáveis e nos devolveram feridos ou mortos”.
Em uma mensagem no twitter, a ONU Equador agradeceu à Conaie pela entrega pacífica dos policiais. “Consideramos isso como um gesto de boa vontade que contribui para criar condições de maior confiança para prevenir a violência e buscar saídas concertadas para essa situação.”
Número de mortos
Governo e indígenas discordam sobre o saldo de mortos nas manifestações dos últimos dias.
Ontem (10), a Defensoria Pública afirmou que cinco civis morreram, incluindo um dirigente indígena. Os nomes divulgados pela Defensoria eram de Raúl Chilpe, Marco Otto, José Daniel Chaluiza, José Rodrigo Chaluiza e Inocencio Tucumbi.
Em um anúncio feito em rede nacional de televisão, o secretário-geral da Presidência, José Agusto Briones, afirmou que, oficialmente, havia a confirmação de duas mortes.
No entanto, a Conaie emitiu um comunicado onde afirmava que “existem companheiros que perderam a vida”, mas não precisava o número de mortos.
Sem diálogo
Apesar de o presidente Lenín Moreno ter afirmado essa semana que estava dialogando com representantes indígenas, o presidente da Conaie, Jaime Vargas, negou. Ele afirmou que os indígenas seguirão com paralisações por tempo indeterminado, exigindo a revogação do decreto que trata do pacote de medidas econômicas anunciadas pelo governo e o abandono do acordo feito com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Os indígenas exigem, ainda, a saída de dois ministros (María Paula Romo, ministra de Governo, e Oswaldo Jarrín, ministro da Defesa) e a liberdade de centenas de pessoas detidas nos protestos.
Por Marieta Cazarré – Agência Brasil Montevidéu (Uruguai).