O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), homenageou o trabalho do agora ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, demitido há pouco pelo presidente Jair Bolsonaro. Há semanas havia divergência entre os dois sobre o enfrentamento da epidemia da Covid-19.
“Mandetta deixa um legado, uma estrutura para que o governo federal, estados e municípios possam atender da melhor forma possível a sociedade, em especial daqueles que precisam do sistema SUS”, disse Maia.
Outros deputados também elogiaram a atuação de Mandetta à frente da pasta. Para o líder do Cidadania, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), o ministro proclamou a defesa da ciência enquanto esteve à frente do ministério.
“Espero que não se demita a ciência, o critério objetivo para se enfrentar a pandemia. Que isso possa ser mantido”, afirmou Jardim. Ele também defendeu que os critérios para definição de medicamentos de combate à Covid-19 sejam feitos com base em estudos e não em suposições.
Para o líder da Minoria, deputado José Guimarães (PT-CE), a saída do ministro é “um duro golpe na ciência, na OMS [Organização Mundial de Saúde] e nas milhares de vidas que precisam ser preservadas”. “O direito à vida está acima de qualquer outro direito. O Brasil chora por ser governado por um desqualificado e despreparado para o mais alto cargo da República”, afirmou.
Momento de crise
O deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ) criticou a demissão em “um momento de crise tão profunda”, quando há tantas mortes. “Não tenho identidade política e ideológica com o ministro. Falo em nome da necessidade básica daqueles que mais vão precisar, é uma questão republicana”, disse.
Segundo ele, é inaceitável que o presidente da República se preocupe com disputas políticas internas e afaste o ministro jogando o País “num mar de incerteza”.
A líder do PCdoB, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), elogiou o comportamento solidário de Mandetta ao povo brasileiro.
Já o líder do PSB, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), ressaltou que, desde o começo da crise, o presidente Jair Bolsonaro escolheu o caminho da negação e guiou suas decisões pelo achismo, politizando o que deveriam ser ações técnicas com critérios científicos.
“A demissão de Mandetta não passa de um acerto de contas por parte de um chefe que, no auge de sua mediocridade, não tolera um auxiliar se destacando mais do que ele”, disse Molon.
A relatora da Comissão Externa do Coronavírus, deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC), espera que o novo ministro da Saúde dê continuidade às ações até agora postas em prática pela pasta no enfrentamento do coronavírus. “Deve respeitar o trabalho do SUS no enfrentamento dessa pandemia e manter as recomendações da Organização Mundial de Saúde, já adotadas por todos os países”, disse.
Por Tiago Miranda | Agência Câmara de Notícias