O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, cogita pedir demissão do cargo após o presidente Jair Bolsonaro informar que pretende mudar a diretoria-geral da Polícia Federal, hoje ocupada por Maurício Valeixo, homem de confiança do ex-juiz da Lava Jato. A informação da iminente saída de Moro do governo federal foi veiculada nos jornais Folha de São Paulo, Estadão e revista Veja.
Bolsonaro vem ameaçando com essa troca na Polícia Federal desde o ano passado.
Bolsonaro disse a Moro que a troca deve ocorrer nos próximos dias. O ministro, então, anunciou que pretende sair do governo. O presidente tenta reverter a decisão de Moro.
Os ministros Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) tentam convencer o ministro a recuar da decisão de sair. Aliados de Moro, porém, disseram que, se Valeixo sair, Moro sairá também.
Moro largou a carreira de juiz federal com a promessa de que teria autonomia total na pasta, mas vem colecionando derrotas desde que entrou no governo – como a aprovação de um pacote anticrime diferente daquele que ele tinha idealizado (incluindo a figura do juiz de garantias) e a troca do diretor da PF no Rio de Janeiro.
Em janeiro deste ano, Bolsonaro já havia tensionado sua relação com Moro diante de uma possibilidade de esvaziar o Ministério da Justiça. Na ocasião, antes de embarcar em uma viagem à Índia, o presidente disse que poderia recriar o Ministério da Segurança Pública, tirando-a do comando de Moro.
Desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2019, o ex-juiz da Lava Jato já viu seu poder ser reduzido quando perdeu o antigo Coaf, rebatizado de UIF e subordinado atualmente ao Banco Central.
Moro também se mostrou insatisfeito em relação ao modo como o Planalto vem conduzindo a crise do coronavírus, sobretudo depois da demissão de Luiz Henrique Mandetta. Moro elogiou publicamente a atuação de Mandetta, o que foi visto como uma crítica indireta a Bolsonaro.
Com uma eventual saída do governo, Moro vê a vaga que vai abrir no STF com a aposentadoria de Celso de Mello cada vez mais distante. Bolsonaro já disse algumas vezes que pretende indicar alguém “terrivelmente evangélico” para a vaga.
Minutos após a possibilidade de saída do ex-juiz do governo, o nome de Moro apareceu no topo do Trending Topics de assuntos mais comentados do Twitter, com cerca de 120 mil menções.
Oficialmente, o Ministério da Justiça informou aos jornais que não houve pedido de demissão de Moro
Fonte: Yahoo Notícias