Tunico da Vila apresenta série musical Samba de Caboclo

Nesta sexta-feira (28), sábado (29) e domingo (30), sempre às 20 horas, o artista Tunico da Vila apresenta no canal Tunico da Vila Oficial, no YouTube, a série musical Samba de Caboclo, que conta com o apoio da Secretaria da Cultura do Espírito Santo (Secult), contemplado no Edital de Produção Musical do Funcultura.

“Sou um homem de terreiro. Canto no candomblé de Angola há 35 anos. Lá, aprendemos a respeitar e cultuar os povos indígenas. Aprendemos que quando nossos ancestrais negros chegaram ao Brasil os índios já estavam aqui. Eles guerrearam e sofreram na carne o colonialismo perverso, por isso acredito que houve um acerto no astral para que essas culturas pudessem interagir. Tenho muito respeito aos ritos, cultos e à medicina da floresta, sabedoria na saúde, na arte e na música”, disse Tunico da Vila.

  Cancioneiro de afrosambas, Tunico da Vila é compositor de canções com o tema samba de caboclo, dentre elas “Juremê, Juremá” e “Festa de Caboclo”, composição dele com Martinho da Vila. O artista compôs e gravou inúmeras canções sagradas, como “Meu Tambor” e “O Velho de Oiá”, além de gravar “Maria Rezadeira”, “Flores de Obaluaê”, “É dia de Rede no Mar”, em homenagem ao povo negro que trabalha no mar capixaba, e “Nos Caminhos de Um Só”, com Xande de Pilares e os povos de terreiro e do congo capixaba.

Toré ou festa de caboclo nos terreiros é o rito que envolve música e dança com tambores africanos, em que são cultuados caboclos e caboclas brasileiros, além dos indígenas. Esse ritual híbrido acontece uma vez por ano, nos terreiros de candomblé de Angola. Os indígenas também são cultuados na Umbanda e em outras nações do candomblé brasileiro. De acordo com os dados do Censo 2010, no Brasil vivem 896.917 pessoas que se declararam como indígenas. Desse total de pessoas, 57,7% vivem em terras indígenas oficialmente reconhecidas. Em torno de nove mil pessoas se declaram indígenas no Espírito Santo. 

“Adoro compor sambas de caboclo, que é uma modalidade de samba que só existe nos terreiros. Um ritmo apressado que chamamos de kabula, que utiliza instrumentos das duas culturas, como o atabaque, o xequerê e o kaxixi, o chocalho indígena. As cantigas são alegres e de lamento. Falam de elementos da natureza e da saudade da terra astral, que, segundo a tradição do candomblé, é a mesma para índios, negros e brancos. Meu pai sempre disse que teríamos que ter aprendido tupi nas escolas. Muitos somos descendentes de índios e nem sabemos. Meu bisavô também chamava Martinho, era índio e viveu em Campos dos Goytacazes”, conta Tunico da Vila.

Histórico

Cria de Vila Isabel, zona norte do Rio de Janeiro, Tunico da Vila tem 25 anos de carreira, reside desde 2016 no Espírito Santo, onde recebeu o título de Cidadão Espírito-Santense pelos seus relevantes projetos na área da economia criativa cultural e audiovisual, que incluem comunidades tradicionais. Tunico da Vila tem vivências musicais em países africanos, experiência em projetos internacionais com o cineasta americano Spike Lee e na Jornada de Arte Popular do Uruguai. Em 2019 e em 2020, foi indicado ao Prêmio Profissionais da Música Brasileira, na categoria artista de samba. 

 Por Aline Dias, Danilo Ferraz e Erika Piskac


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