Na celebração das vésperas da Solenidade de Maria Santíssima, o Papa afirmou que este tempo de pandemia aumentou em nós o sentimento de perda. Depois de uma primeira fase de reação, em que nos sentimos solidários na mesma barca, difundiu-se a tentação do “salve-se quem puder”. “Mas graças a Deus reagimos novamente, com o sentido de responsabilidade.”
Para que o novo ano seja diferente do anterior, é preciso estupor e gratidão, disse o Papa Francisco em sua homilia na celebração das Vésperas na Basílica de São Pedro, com o canto do Te Deum, em agradecimento pelo ano que passou. A celebração foi presidida pelo Decano do Colégio Cardinalício, cardeal Giovanni Battista Re. O Papa Francisco acompanhou a missa de seu assento posicionado em frente ao altar da Confissão.
Estupor para que o amanhã seja diferente
Há motivos para agradecer, não obstante a pandemia. Em sua homilia, o Papa recordou que a Liturgia desses dias convida a despertar em nós a maravilha pelo mistério da Encarnação. E não se pode celebrar o Natal sem estupor, recordou Francisco. Mas não um estupor que se limite a uma emoção superficial, ligada à exterioridade da festa ou, pior, ao frenesi consumista.
“Se o Natal se reduz a isso, nada muda: amanhã será igual a ontem, o próximo ano será como o que passou e assim por diante.”
Mas é preciso acolher o centro do mistério do nascimento de Cristo e o centro é este: “O Verbo se fez carne e veio habitar entre nós”.
Os problemas existem, mas não estamos sós
E é Maria quem nos reconduz à verdade do Natal. Ela é a primeira testemunha e a maior, porque é a mais humilde. O seu coração está repleto de estupor, sem romantismos, porque a maravilha cristã tem origem não em efeitos especiais, mas no mistério da realidade.
Para o Papa, não há nada de mais maravilhoso e impressionante do que a realidade, do que uma mãe que segura o filho em seus braços e o amamenta.
Por isso, o estupor de Maria e o da Igreja é repleto de gratidão, porque contemplando o Filho sentimos a proximidade de Deus, que não abandona o seu povo. É o Deus-conosco. Os problemas não desaparecem, mas não estamos sós. Ele, o Unigênito, se faz primogênito entre os irmãos, para reconduzir a todos nós à casa do Pai.
Afastar a tentação do “salve-se quem puder”
Este tempo de pandemia, afirmou Francisco, aumentou em nós o sentimento de perda. Depois de uma primeira fase de reação, em que nos sentimos solidários na mesma barca, difundiu-se a tentação do “salve-se quem puder”.
“Mas graças a Deus reagimos novamente, com o sentido de responsabilidade. Realmente podemos e devemos dizer ‘graças a Deus’ porque a escolha da responsabilidade solidária não vem do mundo, vem Deus; ou melhor, vem de Jesus Cristo.”
Antes de concluir sua homilia, o Papa dedicou algumas palavras para falar da cidade de Roma, onde todos se sentem irmãos diante de sua vocação de abertura universal.
“Roma é uma cidade maravilhosa, que não para de encantar”, mas pode ser cansativa para quem vive e nem sempre digna para os moradores e turistas. O apelo de Francisco é para deixar de lado a tendência a descartar, de modo que todos possam maravilhar-se descobrindo na cidade uma beleza “coerente” e que suscita gratidão.
O convite final do Pontífice é para seguir o Menino: “Sigamo-Lo no caminho cotidiano. Ele dá plenitude ao tempo, dá sentido às obras e aos dias. Vamos confiar nos momentos felizes e naqueles dolorosos: a esperança que Ele nos doa é a esperança que não desilude.”
Por Bianca Fraccalvieri | Vatican News
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