A cultura indígena estará em destaque na exposição de arte: “Seres terrestres em conexão com a sua divina existência”. A mostra, que será aberta no dia 17 de abril, às 18h30 horas, no CEPAIA – UNEB, reúne quadros em quilling (técnica de desenho a partir da colagem de finas tiras de papel) e artes diversas, como colares, brincos, louças, cocal, arco e flechas, maracá e livros das famílias das aldeias Fulni-ô, Kariri Xocó e Fulkaxó. O público poderá conferir e adquirir as peças em exibição durante todo o mês de abril.
Promovida pela Universidade do Estado da Bahia, por meio do CEPAIA e do Programa de Pós-Graduação em Estudos africanos, Povos Indígenas e Culturas Negras, com a participação da artista plástica Anatê, a exposição é uma forma de através da arte, difundir os conhecimentos, saberes e práticas de matriz indígena.
Na abertura do evento, uma roda de diálogos com o mesmo título da exposição contará com a participação de Anatê, artista plástica, Cícero Pontes Cruz – Wakay, Reserva Thá-fene /Fulkaxó e Manuela Barreto de Araújo – Madjwane, Uneb/Fulkaxó.
A realização da exposição no mês de abril não tem relação com o dia do “índio” instituído pelo presidente da República, Getúlio Vargas, por meio do decreto-lei 5540/43, mas pela vontade da fala indígena de ressignificação, pois os povos originários praticam a arte de viver não apenas no dia 19 de abril, mas todos os dias.
“Não há uma data específica para o dia do Índio como colocado a racionalidade humana, uma transfiguração do estado da liberdade humana, independente da sua cor de pele. Reverenciamos todos os dias o estado de consciência ampliado, a nossa cultura, o estado de plenitude e o exercício da ligação com a fortaleza da grande mãe terra e o pai céu”, argumenta Cícero Pontes Cruz – Wakay, liderança indígena.
Quadros em quilling
A artista plástica Anatê desenvolveu seis quadros na técnica de quilling, filigrana de papel, com a temática indígena especialmente para a ocasião. No processo criativo a artista costuma estudar, ler livros, assistir filmes e mergulhar no universo a ser abordado, antes de começar a produzir os quadros. Desta vez, para a exposição sobre o universo indígena, a preparação foi através de Exercícios Meditativos Ancestrais, promovidos pela Owca Ayam, Espaço Multireferencial de Aprendizagem pelas Medicinas Tradicionais Indígenas.
“Para mim, trabalhar com o tema foi muito precioso e de grande responsabilidade. Senti que para fazer uma exposição sobre os indígenas deveria ser junto com eles, trazendo a cultura e sua arte para perto e para o centro. Foram mais de 8 meses nessa imersão e as informações não vieram de livros ou outros escritos, mas do sentir e das visualizações advindas dos Exercícios Meditativos Ancestrais, acessos às “bibliotecas” de si, do outro e da natureza criativa”, explica a artista plástica, Anatê, que não é indígena.
Por Fabiane Pita Bandeira
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