Espetáculo ‘Inconstante’ une dança contemporânea à pesquisa em arte-tecnologia

Fotos: Bernardo Firme

Criado pela bailarina e coreógrafa Gabriela Moriondo e pelo artista multimídia Glauber Vianna, o espetáculo “Inconstante” une o trabalho de dança contemporânea à pesquisa em arte-tecnologia em torno do conceito de espacialização do inconsciente e de fragmentação de memórias, por meio da programação sincronizada de luz, sombra, som e corpo.

Encenado por Cecília Hermeto, Bárbara Veronez e Julia Fachetti, o espetáculo terá três apresentações gratuitas entre os dias 12 e 14 de janeiro, às 19h, na Casa da Música Sônia Cabral, no Centro de Vitória. Além disso, no dia 12 de janeiro, será realizado ainda um ensaio aberto tendo como público-alvo estudantes de artes visuais, plásticas, cênicas e afins, por meio de inscrições via Google Forms, a partir desta quinta-feira (04).

No espetáculo, como em um flashback que precede a morte, três bailarinas de diferentes gerações, separadas por cerca de 50 anos, tocam lembranças de forma imersiva e subjetiva a cada cena, a fim de provocar nos espectadores uma profunda reflexão sobre a vida. A partir da sincronia entre luz, sombra, som e corpo, a criação se apoia em uma teia de fragmentos de memórias, explorando passado, presente e futuro em meio a uma cenografia futurista, surreal e etérea.

Realizado com recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura), por meio do Edital 10/2022 – Artes Cênicas, da Secretaria da Cultura (Secult), o projeto foi concebido visando à experimentação em torno das conexões entre dança e tecnologia, a partir do encontro entre os artistas Glauber Vianna e Gabriela Moriondo. Desde antes da pandemia de Covid-19, os dois já demonstraram interesse em trabalhar juntos, compartilhando suas pesquisas.

Com direção artística de Glauber Vianna, o espetáculo fundamenta-se em sua pesquisa sobre obras que exploram a experiência audiovisual e suas linguagens tecnológicas e híbridas, tendo sido desenvolvido a partir de uma estética que provoca a imersão e a sinestesia do espectador de forma arrebatadora.

Paralelamente, a direção coreográfica de Gabriela Moriondo foi construída a partir de laboratórios de criação com as três bailarinas, pautados no estudo de movimento de Rudolf Laban, a fim de alcançar com elas um grande domínio das especificidades do movimento, propiciando uma presença em cena autêntica, sensível, hipnótica e etérea.

O intercâmbio entre artistas que exploram diferentes linguagens, bem como entre bailarinas com idades e históricos tão distintos na dança (clássica, flamenca e afra), é algo que contribui para a concretização desse espetáculo imersivo, provocando a ideia de interrupção cronológica e espacial, abordando diferentes, complexas e curiosas nuances de fragmentos de memórias ao tecer essa teia dramatúrgica.

Por Tiago Zanoli 


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