Automedicação e enxaqueca: uma combinação que pode agravar a doença

Foto: Divulgação

Você está com dor de cabeça forte e pulsante novamente e decidiu tomar o analgésico que um amigo indicou, que é mais forte do que aquele que você usa normalmente e já não está fazendo efeito. Apesar de ser uma situação comum, a automedicação traz riscos à saúde do paciente, além de ser uma das principais causas da enxaqueca crônica.

O neurologista Daniel Escobar explica que o consumo contínuo de analgésicos e anti-inflamatórios altera o sistema de dor do corpo, criando um ciclo vicioso e perigoso. “Primeiro o paciente cria a tolerância à medicação, precisando aumentar a dose na hora da crise. O organismo se acostuma com o remédio e perde, cada vez mais, seus próprios mecanismos de regular a dor. Sem o analgésico, a dor vem mais forte, e mais analgésico precisa ser utilizado. Por fim, o organismo cria resistência aos remédios e deixa de responder mesmo com doses elevadas”.

Apesar dos riscos, a automedicação nesses casos é comum entre os brasileiros. Uma pesquisa da Academia Brasileira de Neurologia (ABN) mostrou que 81% dos entrevistados se automedicam para tratar dor de cabeça e 50% das pessoas aceitam a indicação de remédios feita por não profissionais. O estudo mostrou ainda que metade dos entrevistados sofre com a doença de forma crônica e que eles são os que mais abusam do uso de analgésicos: mais de 70% disseram tomar três ou mais doses semanais do medicamento.

Além do exagero nas medicações, muitos pacientes escolhem remédios que prejudicam mais do que reduzem a dor. Entre os mais comuns estão o Cefaliv, que tem cafeína em sua composição e pode piorar a crise; e remédios com opioide, como o paracetamol com codeína e o tramadol. “Os opioides são medicações derivadas de morfina e trazem graves consequências relacionadas ao seu abuso, como a síndrome de dependência. Este já é um problema grave problema em países de primeiro mundo, como Estados Unidos”, alerta Escobar.

O médico pontua, ainda, que os analgésicos são medicações necessárias e o problema está na forma indiscriminada com que se usa, sem um diagnóstico e orientação profissional adequada. “As pessoas usam remédios errados, com doses excessivas, e quando chegam ao especialista a dor já é diária e crônica, e a lista de analgésicos que já não resolvem mais é grande. É preciso entender que enxaqueca é uma doença que necessita de diagnóstico, com avaliação detalhada e individual, e tratamento adequado. Além das medicações que podem ser indicadas, é preciso ter uma mudança de estilo de vida, com melhoria da alimentação, inclusão de atividade física no dia a dia e uma boa rotina de sono”, recomenda.

Por Lyvia Justino


Siga A IMPRENSA ONLINE no InstagramFacebookTwitter e YouTube e aproveite para se logar e deixar aqui abaixo o seu comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *