Economia do ES cresce mais do que a do Brasil 

Indústria moveleira em Linhares | Foto: Arquivo/Divulgação

A economia do Espírito Santo vem crescendo e deve encerrar 2024 em alta. Os seis primeiros meses do ano foram marcados pelo mercado de trabalho aquecido, queda na taxa de desemprego, bienalidade positiva da lavoura do café, inflação abaixo da média nacional e aumento da corrente de comércio do Estado com o resto do mundo. 

Diante desse cenário, a atividade econômica capixaba já cresceu 3,9% no primeiro semestre do ano, na comparação com o mesmo período de 2023, e deve encerrar o ano com alta de 4,3%, segundo o Indicador de Atividade Econômica (IAE-Findes). A alta é superior à registrada pelo Brasil, de 2,9%. 

A estimativa trimestral do PIB do Estado, calculado pelo Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), foi divulgado nesta quinta-feira (19/09), em coletiva de imprensa na sede das instituições, em Vitória.  

Coletiva de imprensa Findes | Foto: Divulgação

O presidente da Findes, Paulo Baraona, avalia que o resultado positivo se deve, além dos bons indicadores registrados, ao bom ambiente de negócios do Estado. “A Findes contribui diariamente para que ele seja cada vez melhor, tanto para tornar as empresas locais mais competitivas, quanto para atrair negócios para o Estado. É importante dizer que a Federação vem dando atenção e atuando em prol da pequena à grande indústria. Queremos que as empresas ampliem a produtividade e cresçam cada vez”, comenta. 

  • 4,5% taxa de desocupação do ES no primeiro semestre 
  • 6,9% taxa de desocupação no Brasil no primeiro semestre 
  • 28,9 mil novos postos de trabalho formal de janeiro a julho de 2024 no ES 
  • 4,12% inflação da Grande Vitória no acumulado de doze meses encerrados em junho (IPCA) 
  • 41,2% crescimento da corrente de comércio (soma das exportações e importações) do ES com o resto mundo nos seis primeiros meses do ano e chegou a US$ 12,8 bilhões 

De acordo com os dados do IAE-Findes, o crescimento da atividade econômica capixaba no primeiro semestre do ano ultrapassou a média nacional, divulgada na semana passada pelo IBGE (2,9%). O resultado local foi puxado pela agropecuária (8,9%), seguido pela indústria (3,9%) e por serviços, que também engloba comércio e transportes (3,1%).  

“O Espírito Santo continua crescendo acima da média nacional. Outro fato interessante é a economia brasileira estar avançando acima das projeções feitas pelo mercado no início do ano”, comenta a economista-chefe da Findes e gerente executiva do Observatório da Indústria, Marília Silva. 

Apesar do bom desempenho, a economista pondera que o anúncio feito ontem (18/09), pelo Comitê de Política Monetária (Copom), ao elevar a Taxa Selic de 10,5% para 10,75% ao ano, pode gerar impactos na economia nacional. “A taxa básica de juros elevada torna o acesso ao crédito mais caro, o que pode inibir investimentos, aumentar custos para o setor produtivo, além de reduzir o consumo das famílias”, afirma. 

De acordo com IAE-Findes, o setor industrial capixaba cresceu 3,9% no primeiro semestre deste ano. O resultado é explicado pelo desempenho positivo das quatro atividades que compõem o setor: energia e saneamento (14,2%), indústria extrativa (5,2%), construção (2,3%) e indústria de transformação (0,8%). 

O gerente de Ambiente de Negócios da Findes, Nathan Diirr, aponta que a indústria extrativa cresceu em decorrência dos aumentos da produção de petróleo e gás natural (3,8%) e da atividade de pelotização do minério de ferro (1,4%). “Tivemos um crescimento de 5% na produção de petróleo e de 8,7% na de gás natural no Estado, segundo os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). No caso da atividade de pelotização, a Vale registrou 3,7% de aumento de produção”, disse. 

O desempenho da indústria de transformação foi puxado pela alta de 2,8% do setor de metalurgia. Já os setores de minerais não metálicos e produtos alimentícios registraram leves altas de 0,3% e 0,2%, respectivamente.  E, o setor de celulose e papel, por sua vez, caiu 4,1%. 

“No caso da metalurgia houve um aumento na produção de bobinas a quente de aço. Segundo as estatísticas do Instituto Aço Brasil, o Espírito Santo produziu aproximadamente 3,6 milhões de toneladas de aço bruto no acumulado do ano. Esse valor é 2,1% maior que o registrado no mesmo período do ano passado. Contudo, a produção de semiacabados e laminados no Estado totalizou 2,7 milhões de toneladas, tendo uma queda de 3,8% nessa mesma base de comparação”, explica o economista. 

A agropecuária capixaba cresceu 8,9% no primeiro semestre do ano. O resultado é fruto da agricultura, que cresceu 9,9%, e da pecuária (6,8%). A primeira foi influenciada pela maior produção de café (arábica e conilon), principal lavoura do setor no Estado. Vale ressaltar que o ano de 2024 é marcado pela bienalidade positiva da lavoura do café, em que há maior produtividade na colheita do produto. Já a pecuária foi positivamente influenciada, principalmente, pela maior produção de leite, suínos e as atividades relacionadas à produção de aves e ovos, que também ocupa lugar de destaque no Estado. 

O setor de serviços também cresceu no primeiro semestre deste ano, influenciado por todas as atividades que o compõem: comércio (1,1%), transporte (7,6%) e demais atividades de serviços (3,1%). “O mercado de trabalho favorável, o aumento da massa salarial da economia, a desaceleração da taxa de inflação e os programas governamentais ajudaram a explicar o desempenho do setor de serviços no Estado”, comenta Marília Silva. 

A gerente executiva do Observatório da Indústria aponta que o desempenho previsto para a economia capixaba neste ano será melhor do que a projeção do mercado para o Brasil (3%). Se o cenário projetado se cumprir, o Estado deve crescer 4,3% neste ano com a ajuda dos bons resultados da agropecuária (5,9%), dos serviços (3%) e da indústria (1,7%). 

“No caso da indústria, as projeções apontam para um crescimento de 1,7% ao longo de 2024. Essa previsão deve-se, principalmente, a uma expectativa de maior produção de pelotas de minério de ferro devido à reativação da Usina 3 da Samarco, que estava parada desde 2015. Além disso, o desempenho da indústria de transformação neste ano deverá ser melhor do que o observado em 2023”, explica Marília Silva. 

Por Siumara Gonçalves


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