Economia | ES
Evento reuniu histórias de pessoas pretas que desenvolveram empreendimentos de sucesso
A noite dessa terça-feira, 12, foi de celebração da força do empreendedorismo negro no Espírito Santo com o evento Afropotência. O auditório do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no estado (Sebrae/ES) ficou lotado de afroempreendedores, que tiveram a oportunidade de assistir a um painel e palestra inspiradores.
Após o momento de networking e boas-vindas para os inscritos, aconteceu o painel “Transformando Desafios em Oportunidades no Empreendedorismo Negro Capixaba”, com a secretária de Estado das Mulheres do Espírito Santo, Jacqueline Moraes; a diretora-executiva do Instituto Cória, Josy Santos e o fundador da Blackboo, Allan Sales, com mediação de Bianca Queiroz.
Allan contou que sempre desejou trabalhar com moda e ter seu próprio negócio. Em 2019 surgiu a Blackboo após uma busca por referências. “Fui buscando informações e vi que tinha um certo nicho no mercado de bolsas, era algo pouco explorado, e me especializei nisso. Na época eu não tinha dinheiro, não tinha nada, só a coragem para começar. Recomendo que quem, assim como eu, não tem muitos recursos, comece no digital para depois que tiver algum faturamento, pensar em um ponto físico”, aconselhou o empreendedor.
Josy, que é consultora especialista em negócios liderados por mulheres e em responsabilidade social para empresas, falou sobre a dificuldade da sensação de pertencimento entre pessoas negras. “Esse ‘não pertencimento’ que sentimos é em função do imaginário coletivo, da forma que nós, pessoas negras, fomos constituídas dentro da sociedade. Nós crescemos sem referências de pessoas pretas assumindo o lugar de especialistas, de palestrantes, falando sobre gestão, sobre oportunidades. Até hoje é difícil, mesmo depois de termos aberto esse espaço, enxergar esse pertencimento”, comentou.
Já a secretária Jacqueline Moraes relembrou o tempo em que trabalhou como camelô em Vitória, e contou que sempre teve o espírito empreendedor, de enxergar oportunidade nas mais diversas situações. “Eu acho que herdei essa veia empreendedora do meu pai, que era aquela pessoa que em tudo vê oportunidade. Aos 8 anos de idade eu via pneus velhos abandonados na rua e ia empurrando até o borracheiro perto da minha casa, em Duque de Caxias, e perguntava se ele queria comprar. Ele me dava algumas moedas em troca e eu guardava esse dinheiro, só depois eu descobri que ele, na verdade, não comprava, mas descartava esses pneus”, riu.
Depois do painel foi o tão esperado momento de ouvir a história de Zica Assis, fundadora do Instituto Beleza Natural, especializado no tratamento de cabelos cacheados e crespos. O Instituto existe há 31 anos e emprega mais de 1500 pessoas em cinco estados, atendendo cerca de 100 mil clientes por mês.
“Fui empregada doméstica desde criança, lembro que dos 9 aos 21 anos eu mantinha o cabelo cortado e alisado para trabalhar em casa de família. Aos 21, cortei todo o cabelo alisado e fiz um curso de cabeleireira na paróquia da igreja. Apaixonada por aquilo, resolvi misturar cremes e ver no que dava, e quando consegui desenvolver o produto que queria, levei 10 anos para conseguir abrir o salão. Realizei esse sonho e tenho a alegria de inspirar outras mulheres negras a empreenderem, a verem que é possível”, ressaltou Zica.
A empreendedora comentou que tem carinho pelo Espírito Santo porque Vitória foi a primeira cidade fora do Rio onde abriu uma unidade do Beleza Natural. “Tinha clientes pedindo que a gente viesse e uma delas tinha uma casa para vender, decidi comprar para fazer um salão na comunidade e só de volta ao Rio fui contar para os meus sócios. Depois de um tempo eles acabaram topando”, lembrou. Hoje, há unidades do Beleza Natural em Vitória, Vila Velha, Serra e Cachoeiro de Itapemirim. Zica finalizou a palestra empoderando o público com o mantra “Eu quero, eu posso, eu consigo”.
Por Thiago | P6 Comunicação
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