Histórias de resistência, práticas religiosas e luta contra preconceitos estão retratadas em mostra fotográfica idealizada por servidora da Assembleia Legislativa
Para retratar o empoderamento de mulheres negras e abordar a representatividade em espaços públicos, a servidora da Assembleia Legislativa e supervisora da Comissão de Cultura, Marilene Pereira, idealizou a exposição fotográfica “E Eu, Mulher Preta?”. Neste sábado (27), às 10 horas, acontece a abertura oficial da mostra, que fica em cartaz até o dia 12 de agosto, na Galeria Homero Massena, no centro de Vitória.
Marilene, que é produtora cultural, explica que a ideia surgiu do questionamento da invisibilidade das mulheres pretas na sociedade e tem o intuito de ressignificar esse contexto por meio de fotografias artísticas. “A mostra traz um pouco da interseccionalidade, do cruzamento dos vários preconceitos que mulheres negras vivenciam. As mulheres que trazemos para a galeria através da mostra entendem essas encruzilhadas e lutam para superar todos os preconceitos que se sobrepõem. São mulheres maravilhosas, interessantes e potentes que merecem ser vistas”, pontua Marilene.
Dez mulheres negras de diferentes vertentes sociais das cidades de Vitória, Ibiraçu e Alegre participaram do ensaio sob as lentes das fotógrafas Ana Luzes, Luara Monteiro, Taynara Barreto e Thais Gobbo. As fotografias retratam histórias de resistência e questões como a violência contra a mulher negra, os padrões de beleza impostos pela sociedade, o autoconhecimento, além de práticas e tradições religiosas de matriz africana.
Escolha das modelos
Marilene explica como foi feita a escolha das mulheres que são destaque na exposição. “Foi com base na história de vida delas nas regiões em que moram, na forma como são conhecidas em seus universos. A gente escolheu dar visibilidade às diversas potencialidades dessas mulheres.” Ao todo, 20 fotografias foram selecionadas para compor a exposição. A curadoria é de Marilene Pereira e Thais Gobbo.
A fotógrafa Taynara Barreto reforça a importância da valorização da arte e da cultura negra e da ocupação dos espaços públicos. “A arte por muito tempo nos foi negada. Apagaram nossos registros e o que tinha valor era somente a arte europeia, americana. No Brasil, o negro sempre foi retratado, mas nunca o retratante. Ocupar esse espaço, que por muito tempo nos foi negado, é um ato revolucionário por si só. Ocupá-lo com a presença e matéria das histórias negras femininas é ainda mais potente.”
O lançamento da mostra fotográfica “E Eu, Mulher Preta?” vai contar com uma roda de conversa com a autora do livro “Trabalho Doméstico”, Coleção Feminismos Plurais, Juliana Teixeira. A professora do curso de Administração da Ufes atua na pesquisa e debates sobre o trabalho e interseccionalidades de raça-etnia, classe, gênero, e sexualidade. De acordo com Marilene Pereira, o debate vai contemplar a relação entre a exposição, o cotidiano social e questões raciais.
O projeto é realizado por meio do Edital 2/2021, Seleção de Projetos Culturais Setoriais de Arte Visuais da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), com recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura).
Por Larissa Lacerda
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