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Proposta da Comissão de Infraestrutura é ajudar na elaboração de um novo plano para garantir que água chegue às residências e ao comércio
O recorrente problema de desabastecimento de água enfrentado pelos linharenses foi o tema abordado em audiência pública realizada na noite de quinta-feira (11), na Câmara de Vereadores do município de Linhares, região norte do Espírito Santo. A iniciativa da Comissão de Infraestrutura (Coinfra) tem o objetivo de contribuir para a resolução do problema que atrapalha residências e comércio.
Em uma cidade que é famosa por suas lagoas, o transtorno, entretanto, não se deve à falta de água, mas em parte a falhas no funcionamento da estrutura do sistema do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), autarquia que carece de investimentos. A outra explicação é a recorrente instabilidade na energia elétrica, que inviabiliza o bombeamento.
Na avaliação do presidente da Coinfra, Alexandre Xambinho (Podemos) e do correligionário Lucas Scaramussa, é necessário que um novo plano de abastecimento seja criado para o município. Segundo Scaramussa, que revelou inclusive sofrer com o transtorno em sua residência, a extensão da cidade, cujo território é o maior do Espírito Santo, torna o bombeamento pressurizado “surreal” em função de a rede ser antiga.
“Achar um caminho para que as pessoas entendam que a falta de água na torneira não é algo que possa ser normalizado”, salientou o deputado sobre o objetivo da reunião. Conforme observou, os reiterados acontecimentos têm transformado o Saae em alvo de processos judiciais.
Os vereadores Alysson Reis e Roninho Passos (ambos do DC) reforçaram que moradores enfrentam dificuldades relacionadas à falta de água com frequência pelo menos desde 2022, sobretudo na Região 5. Apesar do reconhecimento dos esforços dos profissionais do Saae, há o entendimento que a autarquia necessita de investimentos financeiros e tecnológicos. Eles lamentaram a falta de apoio político para a abertura de uma CPI na Câmara Municipal para averiguar as reclamações.
Representantes dos bairros Canivete, Interlagos 2, Bebedouro e BNH relataram que as ocorrências ainda permanecem, mesmo embora a prefeitura atue para mitigar o cenário. Linharenses sem água na torneira – ou com água de baixa qualidade – precisam se deslocar para a casa de parentes e têm tarefas simples do dia a dia comprometidas, como tomar banho e cozinhar.
Outro ponto frisado pelos participantes é que, mesmo com o recorrente desabastecimento, as faturas de cobrança não deixam de chegar às residências dos moradores, o que tem gerado margem para ações judiciais contra a autarquia.
Problemas pontuais
Diretor geral do Saae desde outubro de 2023, Felipe Ribeiro Santos defendeu as ações da entidade e afirmou serem pontuais os problemas de desabastecimento. O convidado citou que melhorias vêm sendo implementadas pela gestão atual e mencionou a execução de um projeto de remodelagem do sistema de abastecimento, mesmo diante das limitações impostas pelo orçamento.
“Falta de água como vocês estão colocando aí não é dessa proporção”, considerou. “É pontual. Acontecerem três episódios que eu posso relatá-los”, completou. Santos trouxe dados do desempenho da autarquia, considerada uma das três mais bem avaliadas no Espírito Santo, com 100% de universalização do abastecimento (430 km de rede) e 88% da rede de esgoto (393 km).
“Hoje, quando há necessidade de fazer algum reparo em algum ponto, imediatamente a equipe de reparo de rede de água comunica a operação e o atendimento para a gente tomar as medidas cabíveis para a gente ter melhor assertividade na comunicação e resolução do problema”, contou o diretor sobre o gerenciamento das ocorrências.
Proposta
O deputado Xambinho apresentou uma proposta para que a Assembleia Legislativa (Ales), via Coinfra, celebre um convênio com o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) para desenvolver um novo plano de abastecimento de água para a cidade. “Temos deficiência de bombas, na questão da energia”, disse o presidente do colegiado. Assim que a medida estiver pronta, será entregue à prefeitura para avaliar se o Saae vai aplicar ou não o projeto.
Sobre os custos, há uma intenção para que o Legislativo possa ajudar na captação de recursos para a execução da iniciativa. “É a forma que podemos contribuir com a cidade de Linhares para que a gente possa resolver de uma só vez esse problema de abastecimemto de água”, pontuou Chambinho.
Ainda no final na reunião, foi deliberada uma visita às instalações na sede da autarquia municipal, no centro de Linhares, e uma posterior ida ao bairro Bebedouro para conhecer a Estação de Tratamento de Água (ETA) da localidade para atestar a qualidade da água.
Participaram da audiência pública o representante do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-ES) Geraldo Rossoni; o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, André Romero da Silva; e o gerente da divisão de Operação e Manutenção Centro Norte da Cesan, Aires da Silva Monteiro, entre outros.
Por Marcos Bonn
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