Outubro Rosa
Uso combinado de inteligência artificial e biomarcadores promete mais precisão na detecção precoce
A luta contra o câncer de mama tem se beneficiado de avanços significativos na detecção precoce, graças ao uso de tecnologias de ponta, como a mamografia com contraste, a inteligência artificial (IA) aplicada a exames de imagem, e biomarcadores inovadores. A neoplasia mamária é a mais comum entre as mulheres no Brasil, correspondendo a cerca de 29,7% dos novos casos diagnosticados em 2023, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). No Espírito Santo, nesse mesmo período houve 900 novos registros. Embora a taxa de sobrevida tenha melhorado nas últimas décadas, a descoberta em tempo oportuno continua sendo a chave para salvar vidas.
Nesse cenário, a mamografia com contraste é uma das grandes inovações. Com aplicação de uma solução de iodo, ela traz vantagens frente aos exames de imagem tradicionais. Estudos apresentados no Congresso Europeu de Oncologia (ESMO), realizado em setembro deste ano, mostram que esse procedimento pode reduzir em até 40% os casos de falso positivo e aumentar significativamente a precisão no diagnóstico, especialmente em mulheres com mamas densas, onde os tumores são mais difíceis de identificar por meio das mamografias tradicionais.
“A tecnologia já bastante utilizada em grande parte da Europa e está começando agora no Brasil, inclusive em nosso estado. No ESMO, foi enfatizada a importância desse exame, que tem sensibilidade semelhante à ressonância magnética. Entre as vantagens estão o menor tempo de exposição, ausência da claustrofobia que a ressonância pode causar e facilidade nos casos mais complexos que necessitam de biópsia”, afirma o oncologista Roberto Lima, da Oncoclínicas Espírito Santo.
Inteligência Artificial (IA) e a previsão de riscos
Outra inovação transformadora é a aplicação da IA no diagnóstico do câncer de mama. Uma equipe do Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência da Computação (CSAIL) do MIT, em parceria com o Hospital Geral de Massachusetts (MGH), nos Estados Unidos, desenvolveu um modelo de aprendizagem profunda capaz de prever o risco de uma mulher desenvolver a doença com até cinco anos de antecedência.
Esse modelo, treinado com mais de 60.000 mamografias e dados de resultados clínicos de pacientes do MGH, consegue identificar padrões sutis no tecido mamário que podem passar despercebidos aos olhos humanos. Segundo o estudo, a IA descobriu características nas imagens que estão relacionadas ao desenvolvimento futuro do tumor. Com mais de 90.000 exames analisados, o sistema tem se mostrado promissor, trazendo novas possibilidades de prevenção e acompanhamento mais personalizado para pacientes de alto risco.
“Essas ferramentas podem revolucionar o rastreamento do câncer de mama. Ao utilizar os recursos da inteligência artificial, conseguimos oferecer uma abordagem mais individualizada, identificando mulheres que podem se beneficiar de monitoramento mais intenso ou intervenções preventivas, como testes genéticos e tratamentos profiláticos”, explica o oncologista.
Biomarcadores inovadores
Além das inovações nos exames de imagem, novos biomarcadores estão mudando a forma como o câncer de mama é diagnosticado. Trata-se de substâncias encontradas no sangue, tecidos ou fluidos corporais, que podem indicar a presença de um tumor ou predisposição genética para a doença. Um dos mais promissores é o BRCA1/BRCA2, genes cuja mutação aumenta significativamente o risco de desenvolvimento de tumor mamário e de ovário. Atualmente, testes genéticos para essas mutações estão cada vez mais acessíveis, permitindo que mulheres com histórico familiar realizem o rastreamento e adotem medidas preventivas.
A geneticista Terezinha Sarques, da Oncoclínicas Espírito Santo, destaca a importância de tais avanços: “O uso de biomarcadores está permitindo uma abordagem mais proativa na prevenção da neoplasia de mama. Pacientes com predisposição genética podem ser acompanhadas mais de perto, e isso aumenta as chances de detecção precoce, antes que o tumor tenha a oportunidade de progredir”.
Com essas novas ferramentas, os especialistas acreditam que o diagnóstico da doença está em um ponto de virada. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Mastologia, o diagnóstico rápido, associado a novas tecnologias, pode aumentar as chances de cura em até 95%. A adoção de IA, mamografia de contraste e biomarcadores já está mudando os protocolos de triagem em muitas clínicas e hospitais do Brasil e do mundo.
Esses avanços representam um passo importante para garantir diagnósticos mais precisos e rápidos, possibilitando que as pacientes comecem o tratamento logo nas fases iniciais da doença, quando as chances de cura são maiores. Isso não só salva vidas, mas também pode reduzir significativamente o impacto emocional e financeiro do tratamento oncológico.
“Acreditamos que, com a implementação em larga escala dessas tecnologias, o futuro do diagnóstico e prevenção do câncer de mama será mais eficiente e menos invasivo”, conclui Roberto Lima.
Grandes mulheres contam com um forte aliado: o diagnóstico precoce
Para apoiar na conscientização sobre o câncer de mama, ao longo do mês de Outubro, estará no ar a campanha “É sempre hora de se cuidar” da Oncoclínicas&Co. A ação promove conteúdos informativos e estimula a realização de exames e consultas sempre em dia.
Com ativações em redes sociais, ambientes físicos e anúncios nas grandes mídias, a iniciativa tem por objetivo incentivar o diagnóstico e tratamento precoce, aumentando assim as chances de cura.
Por Christine Mendonça
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