Profissionais do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) participaram de um curso sobre identificação e cultivo do mogno africano. O curso foi promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Mogno Africano (ABPMA) com apoio da Reserva Natural Vale.
O tema central do curso foi a discussão sobre a identificação correta da espécie de mogno africano plantado comercialmente no Brasil. “Há uma divergência entre produtores e especialistas sobre a sua correta definição, prejudicando a comercialização do produto”, explicou Sarah Ola, pesquisadora do Incaper. Ela participou do curso juntamente com os extensionistas Flavia Barreto Pinto, José Mauro Bunicenha e a bolsista Adriana Baldi.
O treinamento foi ministrado pelo pesquisador Dr. Ulrich Gael, da República Democrática do Congo, considerado uma das maiores autoridades mundiais em identificação de espécies de mogno. Ao todo, 40 pessoas dos estados de Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo participaram a capacitação.
“Pessoalmente, eu nunca vi um estudo tão completo sobre identificação de espécies como o apresentado pelo Dr. Gael. Todas as espécies do gênero Khaya são conhecidas como mogno devido à sua similaridade genética e fenotípica. Para separar as espécies foi necessário associar marcadores genéticos, genética de populações, caracterização morfológica, o resgate de exsicatas (fragmentos vegetais) em herbários de diferentes países. Essa complexidade de informações associadas às dificuldades encontradas para coleta de material, já que era necessário rodar até 100 quilômetros em meio à floresta africana para encontrar uma planta de mogno, fazem o trabalho do Dr. Gael ainda mais espetacular”, acrescentou a pesquisadora do Incaper.
Após a palestra, os participantes puderam observar na prática a identificação das plantas de mogno presentes na Reserva Natural Vale. No segundo dia do curso, foi feita uma visita ao herbário da Reserva. Lá, foram apresentadas as exsicatas (fragmentos vegetais) do gênero Khaya disponíveis.
O treinamento contou, ainda, com uma palestra sobre o desenvolvimento dos mognos africanos em monocultivo e em sistemas agroflorestais, ministrada pelo engenheiro florestal Gilberto Terra. Na ocasião, foi feita uma abordagem comparativa entre quatro espécies de mogno, baseada nas experiências de cultivo em diversos ambientes. O curso foi realizado ente os dias 18 e 19 de julho na Reserva Natural Vale, em Linhares.
Benefício ao produtor
A pesquisadora do Incaper explicou como este treinamento pode impactar na vida do produtor rural capixaba: “O preço da madeira de mogno varia muito de acordo com a espécie. No mercado externo, o preço pago para algumas espécies de mogno, ou para aquelas madeiras cuja espécie não foi identificada, é de 500 Euros pelo metro cúbico, o equivalente a R$ 2.105,00. Para outras espécies, o preço pode chegar a 800 Euros, ou R$ 3.368,00. Por isso a sua correta identificação é tão importante para o produtor”, disse Sarah Ola.
Texto: Juliana Esteves, Sarah Ola.