Instituições e pessoas recebem no Palácio Anchieta o 15ª Prêmio Dom Luís

O governador Renato Casagrande prestigiou o evento e aproveitou a oportunidade para agradecer e valorizar as instituições e pessoas que ajudam a quem necessita. Foto: Hélio Filho.

Quatro pessoas e três instituições receberam o Prêmio Dom Luís Gonzaga Fernandes, que este ano chegou à sua 15ª edição. Os homenageados foram escolhidos como reconhecimento pelos trabalhos prestados em prol da defesa dos direitos humanos e do meio ambiente. A solenidade de entrega dos troféus foi realizada na tarde desta quarta-feira (28), no Palácio Anchieta, em Vitória. 

O governador Renato Casagrande prestigiou o evento e aproveitou a oportunidade para agradecer e valorizar as instituições e pessoas que ajudam a quem necessita:

“O mundo que queremos prega a paz, harmonia, tolerância. Prega o papel do Estado para diminuir as desigualdades. Que essas dificuldades possam nos dar mais coragem e energia. Vim como governador a este evento agradecer as instituições e pessoas que preservam e mantêm a luta pelo sonho de mundo que buscamos”, pontuou.

Já a secretária de Estado de Direitos Humanos, Nara Borgo, destacou a importância da realização do Prêmio. “Este Prêmio sempre me emocionou como advogada, como defensora dos direitos humanos e hoje como secretária; o que para mim é uma grande honra. Este evento nos dá esperança de continuar caminhando, porque vivemos tempos que tentam criminalizar o ‘pessoal’ dos direitos humanos e enfraquecer a luta de todas as mulheres, homens, crianças e adolescentes que buscam uma sociedade melhor. Quando vejo o auditório cheio de pessoas que levantam todos os dias para fazer o bem ao próximo, nos dá a certeza de que estamos fazendo o certo. Obrigada por não desistirem da luta jamais”, enfatizou. 

A cerimônia contou ainda com as apresentações culturais do grupo de dança italiana da Associação Pestalozzi, de Santa Teresa, e de Caxambu da Comunidade de Monte Alegre, em Cachoeiro de Itapemirim.

História

O prêmio foi instituído por meio da Lei Estadual 7.844/04 e em homenagem a Dom Luís Gonzaga Fernandes, bispo auxiliar de Vitória durante o período de 1966 a 1981. Falecido em 2003, Dom Luís foi uma figura importante, que dedicou sua vida à luta para a redução das desigualdades sociais, defesa dos menos afortunados e pela valorização da mulher na igreja e na sociedade.

Conheça os homenageados de 2019:

Agesandro da Costa Pereira (in memoriam)

Nascido no município de Araçuaí, no interior do estado de Minas Gerais, em 22 de dezembro de 1929, Agesandro da Costa Pereira teve uma brilhante história dedicada à defesa dos Direitos Humanos e interesses da sociedade e na luta contra o crime organizado. Casado com Maria das Graças de Carvalho Pereira por 58 anos, o professor e advogado marcou a história da advocacia brasileira devido ao trabalho realizado durante nove gestões como presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção do Espírito Santo (OAB-ES) e, por seus méritos e coragem cívica, recebeu a medalha Ruy Barbosa, a mais alta condecoração do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Ele faleceu em maio de 2018.

Sérgio Lucena Mendes

Capixaba de Vitória, nascido no dia 30 de setembro de 1960, Sérgio Lucena Mendes é professor, biólogo e militante da causa ecológica. Seus trabalhos têm destaque relacionados à conservação da Mata Atlântica e de mamíferos, primatas, biodiversidade e saúde. Foi o vencedor do Prêmio Faz Diferença 2017, promovido pelo jornal O Globo, na categoria “Sociedade/Ciência e Saúde” pelo seu trabalho em defesa dos primatas da Mata Atlântica durante o surto de febre amarela ocorrido no ano passado. Sérgio Lucena é professor de Zoologia, especialista em primatas, atual diretor do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) e coordenador do Projeto Muriqui, que estuda e desenvolve ações de preservação de macacos.

Rosa Maria Nascimento Miranda

Militante em defesa dos direitos humanos, a capixaba de Vitória, Rosa Maria Nascimento Miranda, é conhecida por sua luta em prol de mulheres e homens negros. Filha de Paulo Joaquim do Nascimento e da senhora Altair Auto do Nascimento se tornou professora, mas desde cedo era muito curiosa sobre questões relacionadas ao povo negro. Criada no Morro do Forte de São João e cercada por dilemas que envolviam suas raízes africanas, como o racismo e o preconceito, desde cedo sentiu na pele o peso da história de seus antepassados. Foi uma das fundadoras do Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Serra e, atualmente, atua e participa de forma ativa no projeto social e cultural denominado “Afro Kisile”, fazendo da cultura afro ponto de discussão para a aceitação social. 

Teve sua luta e seu trabalho em prol da justiça social reconhecido pela Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo, tendo recebido da entidade a Comenda de Honra ao Mérito Arautos da Paz em novembro de 2018. 

Ricardo Sardi

Com grande parte de sua vida dedicada ao reflorestamento, Ricardo Sardi nasceu na cidade de Alfredo Chaves, no Espírito Santo, no dia 26 de janeiro de 1937. O agricultor aposentado Ricardo Sardi é um grande defensor do meio ambiente, tendo iniciado sua jornada no replantio na década de 70. Ele possui uma propriedade de cerca de 100 hectares na localidade de Quinto Território, sendo que 70% dela é formada por florestas nativas e uma variedade de animais e madeiras nobres, como jequitibá, jatobá, ipê-roxo e casca doce. O lugar também abriga mais de 40 nascentes, cinco cachoeiras e uma diversidade de aves, mamíferos e outros animais pertencentes a florestas nativas.

Comunidade Quilombola Monte Alegre

A comunidade quilombola Monte Alegre, localizada no interior do município de Cachoeiro de Itapemirim, surgiu na segunda metade do século XIX, com o agrupamento de negros supostamente provenientes de Angola, na África. Estes negros foram escravizados em fazendas da região, como Boa Esperança, Barra do Mutum, São João da Mata e Monte Alegre. Atualmente a população local é composta por cerca de 700 quilombolas que buscam o seu desenvolvimento através ecoturismo, do turismo étnico e da participação em projetos de inclusão social e geração de renda, mas a principal renda da comunidade ainda é extraída de serviços prestados a produtores rurais ligados ao cultivo de café, da pecuária de gado leiteiro e de corte. 

A Comunidade Quilombola de Monte Alegre também realiza, em todo 13 de maio, a tradicional festa “Raiar da Liberdade”. O evento tem à frente a mestra de Caxambu (uma dança popular de origem afro-brasileira praticada em Monte Alegre desde a sua fundação) Maria Laurinda Adão – uma líder quilombola engajada com projetos sociais e militante em vários movimentos sociais. Aos 73 anos, Laurinda é considerada uma das mulheres vivas mais importantes para preservação das raízes e tradições do povo afrobrasileiro, percorrendo o Brasil e o mundo difundindo a cultura que aprendeu na comunidade de Monte Alegre.

Associação Costumes Artes

A Associação Costumes Artes foi criada em 2005 por artesãs vindas da Pastoral da Criança do município de Cariacica, da Ação Comunitária do Espírito Santo (ACES) e da Ciranda Capixaba/Petrobras, que, desde então, vêm realizando projetos e trabalhos voltados para inclusão social e economia local solidária. A instituição busca, em primeiro lugar, possibilitar o aumento da renda, o resgate da autoestima e a melhora da qualidade de vida de jovens e adultos da região – ou Território Sol, como chamam – por meio do desenvolvimento sustentável.

Fepestalozzi-ES

Fundada em 10 de junho de 2002, com sede em Vila Velha, a Federação das Associações Pestalozzi do Estado do Espírito Santo (Fepestalozzi-ES) é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que representa as Associações Pestalozzi localizadas nos municípios capixabas, que atuam na defesa e garantia dos direitos da pessoa com deficiência com ações de Assistência Social nas áreas da Educação, Saúde, Habilitação e Reabilitação, Trabalho, Lazer, Esporte e Cultura, voltadas para as pessoas com deficiência e/ou em situações de risco, de forma integrada e interinstitucional, coerente com os mais modernos princípios da inclusão social e direitos humanos. Os recursos utilizados são provenientes das contribuições de suas afiliadas, doações e campanhas.

Por Giovani Pagotto e Letícia Passos.

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