Cine Kurumin exibe 60 filmes produzidos por cineastas indígenas

Em sua 8ª edição o festival comemora dez anos com uma edição sobre Cinema Ritual | Foto: Divulgação

O Festival Internacional de Cinema Indígena Cine Kurumin chega a sua 8ª edição, trazendo uma programação inteiramente online e gratuita, disponível até o dia 30 de março, com transmissões pelas redes sociais e no site oficial do festival.

Na abertura da programação do Cine Kurumin, o artista, curador e ativista indígena do povo Makuxi, Jaider Esbell e o cineasta Genito Gomes Kaiowá participam de um debate às 19h. A mediação é de Bia Pankararu, militante indígena LGBTQI+ e produtora cultural.

No dia 26 de março, às 16h, é a vez do tema Curadorias Indígenas – Olhares e mediações nos festivais de cinema indígena com a participação de Amália Córdova (Chile), curadora digital e diretora do Festival de Língua Materna, em Nova York; Junia Torres, diretora do festival Forumdoc; Olinda Muniz, cineasta e ativista ambiental, coordena a Mostra Amorata; Renata Tupinambá, produtora e roteirista e Thaís Brito, diretora do Cine Kurumin. O debate conta com a mediação da artista e pesquisadora, Ana Carvalho.

Já no dia 30 de março, data do encerramento do festival, ocorre um encontro virtual com os realizadores indígenas, às 18h. Em seguida, às 19h, será realizada a premiação do festival, que tem como Júri: Edgar Kanaykõ Xakriabá, fotógrafo e mestre em antropologia; Patrícia Ferreira, professora e realizadora audiovisual indígena e Amália Córdova,

Neste ano, além da Mostra Competitiva Oficial, produções que já fizeram parte da programação do festival, além de produções novas, fazem parte das Mostras Narrativas Indígenas contra o Fim do Mundo e Imaginários Futuros Indígenas. A curadoria da mostra é inspirada em filmes que trazem reflexões a partir da experiência indígena sobre como resistir a tempos difíceis e a mudanças extremas, como o período pandêmico em que vivemos. Os povos indígenas são tidos como especialistas em fins de mundo. Sobreviveram a incontáveis surtos de doenças e epidemias trazidas pelos colonizadores. A gripe foi um vírus que causou genocídio em diversas aldeias, muitas foram dizimadas. A experiência desses povos, ao mesmo tempo, aponta para um cenário de resistência a esses tempos, expresso nos filmes da mostra, afirma Thais Brito, diretora e curadora do Cine Kurumin.

Para Graci Guarani, cineasta indígena e curadora do festival, o Cine Kurumim potencializa as produções com temáticas originárias e é um dos poucos festivais no país que soma cada vez mais vozes e mãos originárias em seu processo construção. “E é nesse lugar que também me encontro, como participante de uma parte de construção deste incrível festival, como curadora a algumas edições, tenho acompanhado o processo de crescimento das produções originárias e quanto suas temáticas vem tomando e se somando a novas linguagens sem perder seu senso crítico e certeiro”.

Os 60 filmes selecionados pelo festival já estão disponíveis de forma on-line e gratuita no site: http://cinekurumin.org/ e ficarão até o dia 30/03. Os debates acontecem nas páginas oficiais do Cine Kurumin: https://www.instagram.com/cinekurumin/ e https://www.facebook.com/cine.kurumin

O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultural do Ministério do Turismo, Governo Federal.

Festival Cine Kurumin é um dos mais importantes festivais dedicados exclusivamente à exibição de produções audiovisuais com temática indígena no Brasil e que reúne cineastas indígenas de diferentes etnias. Realizado desde 2011, o festival já aconteceu em diversas aldeias e em Salvador. Em 2020, por conta da pandemia, foi seu primeiro ano de forma virtual. Neste ano, quando completa uma década de festival, será realizado mais uma vez de forma on-line.

Por Cátia Milena Albuquerque


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