Carlos Von sugere ação popular para preservar onda em Aracruz

Surfistas apontam que desvio em píer pode preservar ondas, vida marinha e turismo na região | Foto: Ana Salles

Uma ação popular com pedido de liminar feita pela Comissão de Turismo foi a sugestão dada pelo presidente do colegiado, Carlos Von (Avante), como maneira de preservar o que resta da melhor onda do Espírito Santo para os surfistas. O pico, conhecido como Secret (segredo em inglês), fica no litoral de Aracruz, mas está ameaçado devido à construção de píer que avança em direção à ondulação.

Segundo o surfista e empresário que atua no ramo de consultoria ambiental, Alexandre Goés Batalha, a sugestão de desviar em 5° o píer – que em parte já está construído – seria a melhor maneira de garantir as ondas, importantes não só para a prática do surfe, mas com impacto também na vida marinha e no segmento do turismo para a região. 

A proposta, conforme afirmou, já foi apresentada à direção da empresa responsável pelo porto, mas as conversas não avançaram, ao contrário das obras. De acordo com Batalha, o empreendimento total da companhia deve receber investimentos orçados em R$ 1,7 bilhão, enquanto a modificação sugerida teria impacto menor que R$ 1 milhão. 

“Existe uma alternativa de manter o porto e a onda. Nós não somos contra o porto. Nós não somos contra o empreendimento. Nós somos contra acabar com a melhor onda que nós temos no estado”, salientou Batalha. Atualmente, o píer está a 50 metros do ponto crítico do pico, considerado de alta performance e, portanto, imprescindível na formação de surfistas profissionais locais.

A campanha para mantê-la está ganhando adeptos nas redes sociais e conta com o apoio de surfistas de renome, que disputam inclusive o World Surf League (WSL), como Filipe Toledo, vice-campeão mundial em 2021. Batalha acredita que a iniciativa deve “tocar o coração” dos responsáveis pelo empreendimento para que surta efeito. 

Proponente da reunião, o parlamentar Torino Marques (PSL) disse que a onda está praticamente “condenada à morte” e questionou o peso da interferência humana na natureza. Para ele, há viabilidade para criação de um projeto de lei que obrigue a anuência da comunidade esportiva na concessão de obras que causem impacto ambiental. 

A Comissão de Turismo tentou, via Ministério Público, paralisar as obras, mas a ação não teve sucesso. Se a empresa não der ouvidos à solução, uma “compensação” será cobrada, adianta Alexandre Batalha, que seria uma onda artificial. “Muito mais caro do que a alteração proposta”, ponderou.

A onda

Surfista profissional, Rodrigo Cardoso afirmou que o Secret não deixa nada a desejar a nenhum outro país com tradição no surfe, como Austrália e Indonésia. Profissionais de elite mundial já surfaram e aprovaram o pico, considerado por alguns o mais perfeito do Brasil. “Pessoas do país inteiro, através das redes sociais e da internet, viram a onda e querem vir surfá-la de qualquer maneira”, destacou.

A pentacampeã mundial de bodyboard Neymara Carvalho concordou com a qualidade do Secret, assim como o analista de um dos sites de previsão de ondas mais acessados no Brasil, Roberto Figueiredo. 

Mais conhecido como Betola, ele falou das características da ondulação. “Como é uma onda rara e muito perfeita, ela se forma muito longe da costa. São ondulações com ciclones extratropicais que se formam quase perto da África e abre uma ondulação muito grande, muito potente para o Espírito Santo”. 

“A onda ainda existe, mas ela já foi um pouco prejudicada porque o píer já está quase encostando nela”, frisou. “Se o píer desviar um pouco, eu realmente acho que realmente é possível salvar essa onda”, concluiu. 

Por Marcos Bonn


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