Falece aos 87 anos patriarca emérito da Igreja Católica Copta

Antonios Naguib faleceu na noite de 27 para 28 de março. Como Patriarca, recebeu a “Ecclesiastica Communio” do Papa Bento XVI em 7 de abril de 2006. Em outubro de 2010, o Pontífice o nomeou Relator Geral da Assembleia Especial para o Oriente Médio do Sínodo dos Bispos. Foi criado cardeal no Consitório de 20 de novembro de 2010.

Falece aos 87 anos patriarca emérito da Igreja Católica Copta | Foto: Vatican Media

“Ele foi para todos nós um bom pastor. E para mim também um pai. Ordenou-me sacerdote e fui o primeiro a receber dele a ordenação episcopal em junho de 1978, quando era bispo há alguns meses”.

Palavras do bispo católico copta emérito de Guizeh, Anba Antonios Aziz Mina, ao recordar com emoção o cardeal egípcio Antonios Naguib, patriarca emérito da Igreja Católica Copta, falecido na noite de 27 para 28 de março, aos 87 anos.

“Ele os havia completado há alguns dias, em 18 de março passado”, confidencia à Agência Fides Anba Antonios Aziz Mina “e naquele dia pude ouvi-lo pela última vez ao telefone, para felicitá-lo. Hoje, embora entristecido pela sua morte, agradeço ao Senhor o dom de ter percorrido boa parte do meu caminho ao seu lado”.

O cardeal e patriarca egípcio faleceu no hospital italiano do Cairo, onde estava internado na unidade de terapia intensiva devido à deterioração de suas condições de saúde. A primeira informação que circulou sobre a causa da morte refere-se ao agravamento da insuficiência renal de que sofria há algum tempo.

A história pessoal de Antonios Naguib se entrelaça com o caminho percorrido pela Igreja Católica Copta – comunidade eclesial à qual pertencem cerca de 250 mil batizados – junto com as demais comunidades cristãs, a começar pela preponderante Igreja Copa Ortodoxa, ao longo das últimas décadas da história egípcia, repleto de momentos conturbados.

Nascido em 1935 em Samalut, na Província de Minya, estudou no seminário inter-ritual de Maadi, no Cairo, e depois em Roma, na Pontifícia Universidade Urbaniana. Ordenado sacerdote em 1960, após obter a Licenciatura em Teologia e Sagrada Escritura, contribuiu com um grupo de teólogos copta-ortodoxos e protestantes na preparação de uma tradução árabe da Bíblia.

Tendo sido nomeado bispo católico copta de Minya em setembro de 1977, trabalhou com solicitude na promoção das atividades pastorais e catequéticas diocesanas.

Foi eleito Patriarca de Alexandria dos coptas católicos em 30 de março de 2006, depois que seu antecessor Stéfanos II Ghattas se aposentou por motivos relacionados à idade e saúde.

Como Patriarca, Antonios Naguib recebeu a “Ecclesiastica Communio” do Papa Bento XVI em 7 de abril de 2006. Em outubro de 2010, o Pontífice o nomeou Relator Geral da Assembleia Especial para o Oriente Médio do Sínodo dos Bispos.

Criado cardeal por Bento XVI no Consistório de 20 de novembro de 2010, Antonios Naguib renunciou ao cargo patriarcal em janeiro de 2013, por problemas de saúde, mas mesmo assim participou do Conclave de março de 2013, que elegeu o Papa Francisco como Romano Pontífice.

A perspicácia pastoral e a atitude de discernimento espiritual de Antonios Naguib surgiram também nos anos conturbados vividos pelo Egito e pelas comunidades cristãs egípcias entre 2010 e 2013. Uma época também marcada pelo início das chamadas “Primaveras Árabes”, que viu a expulsão de presidente Hosni Mubarak e depois a temporada de governo liderada pela Irmandade Muçulmana.

Esse período foi indelevelmente marcado pelo massacre de cristãos ocorrido na Igreja copta ortodoxa dos Santos, em Alexandria, Egito, em 31 de dezembro de 2010.

Em entrevista à revista 30Giorni em janeiro de 2011, o Patriarca Naguib, ao falar sobre o trágico episódio, recordou também “a hipótese, particularmente difundida entre os cristãos, segundo a qual o próprio ministro do Interior (do governo que ainda respondia ao presidente Mubarak, ed.) teria planeado o massacre em Alexandria, para justificar um reforço dos controles policiais”.

Na mesma entrevista, o Patriarca Naguib delineou em detalhes sugestivos os laços espirituais dos coptas católicos com os irmãos da Igreja Ortodoxa Copta.

“Nós, coptas católicos – observou o cardeal egípcio, entre outras coisas, – distinguimos entre o patrimônio espiritual ascético-monástico e o patrimônio teológico-dogmático. Enquanto para eles a teologia coincide com a Sagrada Escritura, com os Padres da Igreja e com a rica tradição espiritual monástica. Assim, tudo permanece igual no início; não existe aquela diferenciação que temos testemunhado na Igreja Católica ao longo dos séculos. E devo dizer que para nós, católicos coptas, a proximidade de nossos irmãos coptas ortodoxos a esta realidade é uma ajuda, porque nossa formação no estilo ‘ocidental’ contém um risco de intelectualismo. Enquanto a partir deles tudo é muito mais simples e essencial.”

“O ponto que nos une a todos é a liturgia – observou ainda o purpurado na ocasião. Devemos dizer que a fé no Egito foi preservada e transmitida não pela teologia, pela cultura civil, pelos grandes pregadores, mas pelo apego visceral à liturgia vivida pelos cristãos de nossas partes. Nossa verdadeira pátria espiritual é a liturgia”.

Na mesma entrevista, o Patriarca Naguib também expressou claros juízos sobre as campanhas e mobilizações geopolíticas que tomam como pretexto o sofrimento e as tribulações das comunidades cristãs: “Como cristãos do Egito – sublinhou o cardeal egípcio na época – vemos que cada apelo à pressão diplomática, a iniciativas punitivas ou a sanções econômicas dirigidas ao Egito pelos acontecimentos que preocupam os cristãos egípcios, é o dano mais grave que pode ser causado aos próprios cristãos”.

Por Vatican News | Com informações da Agência Fides


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