Dengue: norte do ES tem maior número de casos

Pinheiros, São Gabriel da Palha, Muniz Freire, Jaguaré e Ponto Belo são municípios com incidência alta da doença

Estado está na faixa de média incidência da dengue, com cerca de 170 casos por 100 mil habitantes | Foto: Divulgação.

A primeira semana do mês de maio foi a que teve o maior número de registros de dengue no Espírito Santo este ano, com 782 notificações. Um aumento expressivo se comparado com o período de 2 de janeiro até 12 de março, quando foram registrados menos de 300 casos a cada semana. Até 14 de maio, foram notificados 7.538 casos da doença no total. Os dados constam no 19º boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), o mais recente publicado pelo órgão.

Cinco municípios da Região Norte registraram mais de 300 casos no período entre 27 de março e 23 de abril: Pinheiros (1.493), São Gabriel da Palha (732), Muniz Freire (669,8), Jaguaré (489,7) e Ponto Belo (365,2). Incidência que é considerada alta, conforme os parâmetros do Ministério da Saúde.

ARTE CASOS POR MUNICÍPIO

Roberto Laperriere Júnior, chefe do Núcleo Especial de Vigilância Ambiental da Sesa, aponta dois motivos básicos para o elevado número de casos da doença, típica do verão, nessa época do ano: calor (as temperaturas ficaram na média de 25 graus em março e abril) e o retorno da busca por serviços de saúde decorrente do controle da pandemia do novo coronavírus, já que as pessoas evitavam sair de casa para fazer o teste de dengue, o que teria gerado subnotificação.

“Por razões climáticas, o norte do Espírito Santo é onde se concentram os municípios com alta incidência da doença”, explica Roberto.

MONTAGEM ROBERTO

De acordo com Roberto, a Sesa está tomando uma série de medidas para conter o aumento dos casos no norte. “A gente visitou cada município com alta incidência. Fizemos reuniões com cada região de monitoramento. A Regional Central Norte está apoiando diretamente os municípios. Temos técnicos do Estado em cada município dando orientação. Também estamos fortalecendo a distribuição de insumos como inseticidas e equipamentos de proteção individual para agentes que fazem o controle vetorial”, pontua.

Quanto ao combate do mosquito transmissor da doença com aplicação de inseticida por meio de máquinas carregadas por carros, seja no norte ou em qualquer outra região do estado, Roberto explica que se trata de último recurso. “O fumacê não tem uma frequência pré-determinada. Ele não pode ser usado de forma indiscriminada por ser tóxico. Cabe à vigilância epidemiológica e ambiental definir a frequência do uso desse recurso levando em conta os critérios epidemiológicos (incidência de novos casos da doença em relação à população) e entomológicos (quantidade e local da presença do mosquito).”

Já na Região Metropolitana, a situação segue sob controle e, com a queda das temperaturas nessa época do ano, a expectativa é de que o quadro favorável se mantenha.

O Ministério da Saúde considera três níveis de incidência acumulada das quatro últimas semanas dos casos de dengue: baixa (menos de 100 casos/100 mil habitantes), média (de 100 a 300 casos/100 mil habitantes) e alta (mais de 300 casos/100 mil habitantes). A taxa de incidência é um importante indicador de alerta e ajuda a orientar as ações de combate à dengue. Dados da Sesa coletados desde janeiro de 2022 indicam que o Espírito Santo está hoje na faixa média, com cerca de 170 casos para cada 100 mil habitantes.

ARTE INCIDÊNCIA DE DENGUE

Conscientização

Além das medidas citadas, outra estratégia adotada pelo poder público é a educação, tanto dos profissionais de saúde quanto a conscientização da população. Segundo a Sesa, o Estado envia para os municípios um material educativo digital. Cada município imprime esse material de acordo com a necessidade e faz uso nas campanhas.

O quantitativo de material educativo impresso do estado é pequeno e voltado para a vigilância municipal e unidades básicas de saúde. O conteúdo é voltado para o manejo clínico da doença e destinado aos profissionais de saúde.

Já o material educativo para a população trata de ações para prevenir a proliferação do mosquito. O conteúdo é criado pelo Estado e impresso pelas prefeituras, que distribuem para a população.

Sintomas

A Sesa pede que a população atente para os sinais indicativos da dengue como febre acima de 38°C, dor no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo.

Já a forma grave da doença, a dengue hemorrágica, pode gerar ainda dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas.  Em caso de suspeita de dengue, a população deve procurar a Unidade de Saúde mais próxima.

ARTE SINTOMAS

Prevenção

A dengue é uma doença endêmica que surge todo ano. Períodos quentes seguidos de chuvas aceleram o ciclo do Aedes aegypti.

Segundo o chefe do Núcleo Especial de Vigilância Ambiental da Sesa, mais de 80% dos criadouros do mosquito estão dentro de residências. Por isso, o cuidado de todos é fundamental para conter o avanço da doença. “Orientamos a população a escolher um dia da semana para acabar com qualquer possível criadouro. Os mais comuns são vasilhas de animais, calhas sujas e pratinhos que apoiam os vasos de plantas. Essas ações colaboram para cortar o ciclo biológico do mosquito.”

A secretaria de Saúde orienta limpar quintais, jogando fora o que não é utilizado, eliminando recipientes que possam acumular água, como tampinha de garrafa, folhas e sacolas plásticas; tirar água dos pratos de plantas com frequência; colocar garrafas vazias de cabeça para baixo; tampar tonéis, depósitos de água, caixas d’água e qualquer tipo de recipiente que possa reservar água; escovar bem as bordas dos recipientes (vasilha de água e comida de animais, pratos de plantas, tonéis e caixas d’água) e mantê-los sempre limpos.

Roberto destaca ainda que roupas que cubram mais o corpo, mosquiteiros ou telas e repelentes também ajudam na proteção contra a dengue, mas alerta sobre cuidados no uso do produto. “Repelente pode ser utilizado com indicação médica. Muitos desses produtos são tóxicos. Tem que ter acompanhamento, especialmente para gestantes”, orienta Laperriere. 

ARTE PREVENÇÃO

 Por Gabriela Knoblauch


Siga A IMPRENSA ONLINE no InstagramFacebookTwitter e YouTube e aproveite para se logar e deixar aqui abaixo o seu comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *