Agropecuária e serviços têm bons resultados 

De acordo com o IAE-Findes, no acumulado de janeiro a setembro deste ano, a agropecuária foi o setor que mais cresceu em relação ao mesmo período do ano passado.  

O indicador positivo foi impulsionado pelo aumento de 15,4% na produção agrícola, com expansão nas principais lavouras do Estado: café (com bienalidade positiva do arábica), banana, cana-de-açúcar e tomate. Mas, no caso da pecuária, houve recuo de 2,3% devido à redução na produção de leite e de aves e ovos. 

As três atividades que envolvem o setor de serviços (4,6%) também tiveram resultados positivos influenciados pela continuidade no processo de retomada do setor, que teve início no ano passado. Com isso, transporte (2%), comércio (2,2%) e demais atividades de serviços (6,3%) cresceram nos três primeiros trimestres do ano. 

IAE- Findes foi divulfado nesta quarta-feira (12) durante coletiva de imprensa realizada na sede da Federação | Foto: Lorena Zanon

Cenário internacional impactou desempenho da indústria 

Ao longo de 2022, o cenário internacional não foi favorável às economias emergentes, é o que explicou a economista-chefe da Findes e gerente-executiva do Observatório da Indústria, Marília Silva:  

“Isso vem ocorrendo uma vez que a aceleração inflacionária e os ajustes monetários nas principais economias mundiais provocaram uma resistência ao aumento de demanda por commodities e demais insumos industriais. Além disso, ainda estamos vendo, no preço dos insumos, os impactos gerados pela guerra entre Rússia e Ucrânia.”  

Cris lembra que a indústria representa 27,4% do PIB do Espírito Santo, quase 30% da arrecadação de impostos (ICMS) e mais de 15,5 mil indústrias responsáveis por gerar 220 mil empregos formais. Segundo ela, os números mostram a importância do setor.  

“O Espírito Santo é um estado com alto grau de abertura comercial e a indústria representa 91% de todas as exportações capixabas. Então, as incertezas no mercado internacional afetam diretamente o desempenho do setor. Porém, precisamos lembrar que, mesmo diante de todos os desafios que a indústria enfrentou ao longo deste ano, ela continua mostrando sua relevância e contribuindo para o desenvolvimento economia capixaba”, afirmou Cris. 

De acordo com a economista-chefe da Findes, o indicador negativo da indústria deve-se, principalmente, ao desempenho das indústrias extrativas (-22,4%) e de transformação (-2%). 

“A queda de 22,4% na indústria extrativa é explicada pela redução nas produções das duas atividades que compõem o setor no Estado: petróleo e gás natural (-34%) e pelotização do minério de ferro e outras atividades (-6,1%)”, disse.  

No caso da indústria de transformação, a fabricação de celulose, papel e produtos de papel continuou crescendo. Ao longo dos três primeiros trimestres de 2022, ela acumulou alta de 15,7%, devido ao aumento da demanda interna e externa do produto. Com isso, o segmento acumula três anos de crescimentos consecutivos. 

Todavia, esse bom desempeno não foi suficiente para conter os resultados da fabricação de produtos de minerais não-metálicos (-8,8%), fabricação de coque, de derivados do petróleo e de biocombustíveis (-6,6%), metalurgia (-2,0%) e fabricação de produtos alimentícios (-2,0%), deixando o resultado geral da indústria de transformação negativo. 

“Como destaques positivos, podemos citar o desempenho da indústria da construção (16,3%) e do segmento de energia e saneamento (6,8%) do Estado. Vale ressaltar que, de acordo com a análise da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o ano de 2022 tem se revelado favorável ao setor, configurando o segundo melhor ano da última década, atrás apenas de 2021”, apontou Marília.  

Por que a queda da inflação e desemprego contribuíram com o crescimento da economia capixaba?  

A economia capixaba contou com bons indicadores ao longo do ano, como queda da inflação e do desemprego. Esse desempenho contribuiu para que a atividade econômica do Espírito Santo, entre os meses de janeiro e setembro, fosse positiva (2,6%).  

“Quando olhamos para o cenário macroeconômico constatamos que a inflação ao consumidor (IPCA), no acumulado em 12 meses, desacelerou de 11,3% no primeiro trimestre para 7,2% ao final do terceiro trimestre. Isso ocorreu, principalmente, devido à redução de tributação sobre os combustíveis, via medida do Governo Federal (Lei Complementar nº 194). Já no ES, a inflação, no acumulado em 12 meses, passou de 11,94%, no primeiro trimestre do ano, para 7,07%, no terceiro trimestre”, explicou Marília. 

Marília ainda aponta que, no que diz respeito à melhora no mercado de trabalho nacional, a taxa de desocupação do Brasil caiu 2,4 pontos percentuais a comparação ao 1º trimestre do ano, ficando em 8,7% no 3º trimestre.  

“Já no Espírito Santo, o nível de desemprego foi ainda menor, chegando a 7,3% nesse mesmo trimestre (redução de 1,9 p.p. frente ao 1º trimestre de 2022). Se temos mais pessoas empregadas, também temos aumento na renda das famílias, o que possibilita o aumento do consumo”, apontou a economista-chefe da Findes. 

Além disso, ao longo de 2022, o governo federal adotou algumas medidas de estímulo econômico. Dentre elas está a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de produtos selecionados e os incrementos de renda (liberação parcial do FGTS, a antecipação de 13º salário e aumento da média da parcela do Auxílio Brasil até dezembro). 

Economia capixaba retraiu no terceiro trimestre 

A atividade econômica do Espírito Santo, mensurada pelo IAE-Findes, recuou 1,4% na passagem do segundo para o terceiro trimestre do ano. O indicador foi resultado do desempenho dos setores de serviços (1,3%), agropecuária (4%) e indústria (-5,9%). 

O desempenho da economia do Estado no trimestre ficou abaixo do verificado para o PIB do Brasil, que registrou leve aumento de 0,4% no trimestre. A nível nacional, a indústria avançou 0,8%, e os serviços cresceram 1,1%, enquanto a agropecuária caiu 0,9%. 

Por Siumara Gonçalves e Beatriz Seixas


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