Será que é seguro?
Médico do Hospital de Olhos Vitória explica os riscos
Com 14 milhões de visualizações e 360 mil curtidas, o vídeo de uma jovem brasileira viralizou após ela mostrar o resultado da mudança de cor dos olhos realizada por meio de uma cirurgia. O procedimento aconteceu em uma clínica em Lausanne, na Suíça.
A técnica utilizada foi a queratopigmentação, que é indicada apenas para pessoas cegas, geralmente quando a córnea está comprometida, a fim de não deixar um olho muito diferente esteticamente do outro. Na cirurgia, são injetados pigmentos no tecido da córnea para se assemelhar com o olho natural.
De acordo com o médico oftalmologista do Hospital de Olhos Vitória Guilhermo Tasayko, o procedimento realizado em olhos saudáveis compromete seriamente a saúde ocular. “Esse procedimento limita muito o campo visual do paciente, comprometendo a sua visão periférica, além de desenvolver fotofobia, quando as pessoas têm sensibilidade e dor ao olhar para a luz. A cirurgia funciona como se fosse uma tatuagem na córnea. O paciente fica com a visão apenas no centro, pois ao redor, é preenchido pelo pigmento”, explica o profissional.
Além disso, o médico adverte que, por ter contato direto com a córnea, o procedimento pode induzir uma deformidade corneana, como se fosse um ceratocone, resultando em visão dupla. “A queratopigmentação é totalmente irreversível. O procedimento ainda pode gerar infecção ocular e até mesmo induzir um glaucoma”, completa Tasayko.
O procedimento é permitido no Brasil para fins de “reconstrução” em pessoas cegas, mas não é permitido para fins estéticos em pessoas com visão saudável.
“A saída mais segura para quem quer mudar a cor do olho é o uso de lentes de contato colorida e, mesmo assim, tomando todos os cuidados necessários para minimizar os riscos para a saúde ocular”, conclui o médico oftalmologista.
Por Esther Mendes
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