Descartes da indústria da moda é capaz de criar uma pilha de lixo do tamanho da Torre Eiffel

92 milhões de toneladas de resíduos têxteis foram descartados em 2022, e a projeção aponta um aumento de 60% até 2030 | Foto: Internet

Um dos grandes nomes da revenda de moda do mundo Vestiaire Collective lançou uma campanha em que, por meio de  imagens criadas com recurso a inteligência artificial, pontos turísticos são cercados de montes de roupa. Além da Torre Eiffel, as imagens mostram o Empire State Building, da Times Square, o Palácio de Buckingham, a Torre de Televisão de Berlim (com 368 metros de altura), o Coliseu de Roma e o resort Marina Bay Sands, de Singapura. O objetivo é alertar para o desperdício da indústria da moda.

A campanha foi desenvolvida em cima de um levantamento da ONG Global Fashion Agenda, que aponta que mais de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis foram descartados em 2022, e a projeção aponta um aumento de 60% até 2030. 

A indústria da moda é uma das mais ricas do mundo e também uma das mais poluentes, ficando atrás somente da indústria petrolífera. A produção de lixo é um dos fatores mais preocupantes, junto com o desperdício de água e a emissão de gás carbônico. 

Embora estejamos vivenciando a era do ultra fast-fashion, ainda há aqueles que se preocupam com os números de descartes gerados por esse mercado. “Inacreditável, é por isso que compro em segunda mão”, foi um dos comentários encontrados na publicação da campanha da Vestiaire Collective. 

Essa preocupação com o meio ambiente é refletida no crescente movimento em direção aos brechós como uma alternativa viável e sustentável. Aqui no Brasil, entre 2017 e 2022 o número de Brechós teve um crescimento de 30,97%, de acordo com o IBGE. 

Para a empresária que comanda o brechó Peça Rara de Jardim da Penha, Elki Zanandrea, a adesão a essa tendência não apenas demonstra uma consciência ambiental, mas também contribui ativamente para a redução do impacto negativo da indústria da moda.

“O crescimento no número de brechós não somente no Brasil mas no mundo, representa uma mudança positiva nesse cenário de descartes. Afinal, as roupas de segunda mão ajudam a estender a vida útil das peças, reduzindo a necessidade de produção excessiva”, completa a empresária. 

Zanandrea conta que, frequentemente, pessoas procuram a loja não somente para economizar no bolso, mas também devido à crescente preocupação com o meio ambiente. “Os consumidores estão percebendo que é possível vestir-se de maneira elegante e única, sem comprometer o planeta”, comenta. 

De acordo com a revista “Forbes”, as roupas fast fashion hoje são utilizadas menos de cinco vezes e, em seguida, são descartadas. Por isso, a mudança de mentalidade do consumidor ainda é uma das formas mais práticas e baratas de ajudar a reduzir o consumo e, consequentemente, diminuir a produção.

Pensando nisso, em sua loja, Elki Zanandrea promove ações que incentivam o consumo consciente através da aquisição de peças second hand. 

“Eu acredito no hábito de sempre ressignificar algum artigo que para mim não faz mais sentido. Então, quero promover essa ideia também na cabeça das pessoas também. O nosso planeta não aguenta mais descarte. Precisamos aprender a aproveitar o que já está pronto!”, conclui a empresária.

Por Esther Mendes  


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