Produtores querem cacau com alta produtividade

Usando tecnologia desenvolvida pela Ceplac, cacauicultores da Bahia aumentaram produção. Meta é ultrapassar a média de 500 arrobas por hectare
Ceplac desenvolveu tecnologia para cacau de alta produtividade. Foto: Aguido Ferreira.

Produtores de cacau de diferentes regiões do país buscam capacitação para aumentar a produtividade usando tecnologia desenvolvida pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC). O objetivo dos cacauicultores é atingir a produção de 500 arrobas de cacau por hectare.

A média é estabelecida pelo Programa 500@ – Tecnologia para Cacau de Alta Produtividade, desenvolvido com base em tecnologias geradas pelo Centro de Pesquisas do Cacau-CEPEC e levadas ao produtor de cacau por técnicos do Centro de Extensão-CENEX, da CEPLAC. A metodologia de transferência de tecnologia é feita através da formação de grupos de produtores nos municípios do sul da Bahia, que vão praticando os ensinamentos em suas fazendas e elevando gradativamente a sua produção de cacau.

Os resultados alcançados no projeto foram apresentados no seminário Tecnologia para Cacau de Alta Produtividade, realizado na última terça-feira (20), no Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC) na Sede Regional da CEPLAC na Bahia. A participação no evento ultrapassou a expectativa dos organizadores. Planejado inicialmente para 300 participantes, o evento registrou a inscrição de 764 produtores de cacau vindos de 36 municípios da região cacaueira da Bahia, além de participantes em caravana vindas de outros estados, tais como Pará e Espírito Santo.

As palestras apresentadas foram divididas em quatro grandes temas: Novos Conhecimentos Tecnológicos para Cacau de Alta Produtividade, Assistência Técnica Coletiva, Tecnologia Aplicada para Cacau de Alta Produtividade e Protagonismo do Produtor Rural. No evento, quatro produtores participantes do programa Cacau 500@, fizeram exposição de resultados obtidos e da evolução de produtividade.

Resultados

O produtor Marcos Melo, da Fazenda Rio Doce, no município de Canavieiras, é um dos participantes que conseguiu elevar a produtividade de forma significativa. No seminário, ele mostrou como ultrapassou a marca das 500 arrobas de cacau por hectare (7.500 kg/ha), com tecnologia da CEPLAC. O produtor José Carlos Maltez, da Fazenda Limoeiro, também participante do programa de alta produtividade da CEPLAC, mostrou dados de produção acima de 200 arrobas por hectare (3.000 kg/ha) obtida no sistema Cabruca, cacau plantado sob floresta, com preservação de mananciais de água, fauna e flora.

Também fizeram exposição de dados de elevação de produtividade em suas fazendas os produtores Paulo Gleig e o jovem cacauicultor Tiago Machado, que também já quebrou a barreira das 200 arrobas de cacau por hectare e continua avançando em direção das 500 arrobas por hectare.

O técnico da CEPLAC Ivan Costa expôs sobre os fundamentos do programa de alta produtividade. Foto: Aguido Ferreira.

Uma das palestras que despertaram muita atenção dos participantes foi sobre as novas tecnologias de polinização do cacaueiro, especialmente a polinização feita por eficiente máquina sopradora, adaptada pelo pesquisador da CEPLAC, Kazuiyuki Nakayama, para substituir o trabalho de polinização manual. 

Nos debates, outros produtores revelaram interesse em se engajarem no programa Cacau 500@. A platéia formada em sua maioria por jovens, homens e mulheres, filhos e netos de produtores, também demonstrou interesse de entrar na atividade de produção de cacau, com o desejo de procurar a CEPLAC para fazer seus projetos de cultivos, participar do programa de alta produtividade e assegurar o acompanhamento da assistência técnica e extensão rural do órgão do Ministério da Agricultura.

Outra preocupação revelada pelos produtores foi quanto à segurança de seus investimentos na cacauicultura com relação à ameaça de entrada da doença monilíase no Brasil, com alto poder destrutivo da lavoura, e o que está sendo feito tanto de forma preventiva quanto de defesa genética.

Os técnicos da CEPLAC informaram que a instituição já vem há mais de cinco anos estudando a obtenção de clones resistentes, colaborando com os países que pesquisam a doença e que o trabalho preventivo é feito pelo MAPA e pelos governos dos estados onde há cultivo do cacau. Foram informados que convênios estão sendo realizados com instituições de pesquisa do Equador e Peru para testar os materiais brasileiros selecionados para resistência à doença em áreas infestadas de monilíase nesses países.

Os organizadores do evento ficaram muito satisfeitos com a resposta dada ao evento pelos produtores, distribuirão vídeos com o conteúdo das palestras e programarão novos seminários com temas que despertem o interesse e
atendam às necessidades dos produtores de cacau.

Por: Raimundo Nogueira – Ceplac.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *