Representantes da área cultural pedem valorização do forró

Em audiência pública, destacou-se a importância da pesquisa do Iphan para declarar a dança como patrimônio cultural nacional. Audiência pública foi realizada pela Comissão de Cultura da Ales. Foto: Ellen CampanharoSONY DSC

A declaração do forró como patrimônio cultural no país, em estudo pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), vai contribuir para a valorização dessa manifestação no Espírito Santo. O forro pé de serra de Itaúnas, distrito de Conceição da Barra, no litoral norte, está incluído no mapeamento nacional do Iphan para subsidiar o processo, e o estudo deve ser concluído no ano que vem. 

O assunto foi tema de audiência pública da Comissão de Cultura realizada na noite de terça-feira (3), no Plenário Dirceu Cardoso. A superintendente do Iphan no Espírito Santo, Elisa Machado, explicou que as pesquisas se estendem para todo o Nordeste e também para os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e o Distrito Federal. 

Para a coordenadora do Fórum do Forró de Raiz do Espírito Santo, Daiara Paraíso Holetz, as chamadas “medidas salvaguardas” do Iphan, que poderão ser instituídas em prol do forró após a declaração como patrimônio imaterial cultural do Brasil, são uma esperança do segmento para a valorização dessa manifestação cultural. 

“Declarar como patrimônio é muito importante do ponto de vista simbólico, mas o que vai preservar mesmo o forró são as salvaguardas, ou seja, o apoio que esperamos do ponto de vista de políticas públicas para manter o forró vivo”, declarou. 

Entre essas medidas, Daiara Holetz citou recursos para a montagem de cursos e oficinas de forró, criação de um centro de memória do forró no estado, além de ensino do forró nas escolas das redes estadual e municipais de ensino.  

Confira as fotos da audiência pública

Estilo próprio

Segundo o forrozeiro Paulo Matos, um dos organizadores do Festival de Forró de Itaúnas, a localidade tem muito a contribuir na pesquisa do Iphan. “Nós criamos um estilo capixaba de dançar o forro pé de serra em que a mulher dança na ponta dos pés; então isso a protege daquela agarração que muitos homens às vezes gostam de se aproveitar do momento”, disse. 

De acordo com Matos, esse estilo de dançar virou moda no país inteiro, e hoje é o que predomina nas aulas de forró nos cursos de dança no Brasil e no mundo. 

Ele destacou ainda que o Festival de Itaúnas, por ser o mais tradicional do país no gênero forró de raiz, tem atraído turistas não só de outros estados brasileiros,  mas também de vários países. Realizado em julho, o festival está em 19ª edição, atraindo mais de 30 mil pessoas para o balneário de Conceição da Barra.

Conforme Matos, o forró de Itaúnas está sendo exportado para Estados Unidos, Itália, França, Alemanha e até a Rússia. “Na Rússia tem uma banda em que eles não apenas tocam sanfona, zabumba e triângulo, mas também cantam forró na língua deles”, contou.  

O secretário de Estado de Cultura, Fabrício Noronha, disse que, na política cultural do governo, o Festival de Forró de Itaúnas é uma das prioridades. “Temos de reiterar a importância da centralidade da cultura na vida pública do país. E o Festival Nacional do Forró potencializa Itaúnas como território criativo nesse gênero com seus mais de 22 grupos só em Conceição da Barra”, afirmou. 

O presidente da Comissão de Cultura, deputado Torino Marques, afirmou que, na condição de profissional da comunicação social – ele é apresentador de TV e radialista – destacou a importância do debate e acrescentou: “Tenho me preocupado na valorização do forró produzido no Espírito Santo; já apresentei o Projeto de Lei (PL) 696/2019, que declara o forró de Itaúnas patrimônio cultural do estado”, lembrou. 

Homenagem 

Durante a audiência pública, houve a entrega de moção de congratulação e de certificado em homenagem aos idealizadores e organizadores do Festival Nacional de Forró de Itaúnas (Fenfit): o casal Paulo e Juliana Matos. 

A Banda Trio Fogumano, que se apresentou durante a audiência pública, também foi contemplada com o certificado pelo ativismo cultural e participação no Fórum Forró de Raiz do Espírito Santo.

Por Wanderley Araújo | Ales.

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