Vila Velha – ES
O evento acontece este sábado, 22, a partir das 19 horas, na praça principal do bairro
Tradição e cultura são palavras marcantes na Barra do Jucu, em Vila Velha, região metropolitana do Espírito Santo. E é essa atmosfera que vai tomar conta do bairro este sábado, 22: a comunidade realiza a II Festa do Dia da Rendeira de Bilro, a partir das 19 horas, na Praça Pedro Valadares, com programação gratuita.
O evento vai contar com lançamento de coleção de moda do projeto Barra de Renda, roda de rendeiras, barraquinhas com comida e bebida, desfile e os shows da banda de congo Tambor Jacaranema, do Barratuque e do músico e compositor Izar.
A renda de bilro é uma tradição que quase desapareceu na Barra nos anos 70, mas se renovou após 50 anos. Nesta edição da festa, as peças da coleção de moda foram desenvolvidas pelas designers Elian Ramile e Zézé Monteiro.
Elian já foi responsável pela criação de figurinos para “Malhação”, da Globo, e Zezé participou da Casa de Criadores de Moda em São Paulo. As duas se encantaram com as rendas de bilro da Barra do Jucu e mergulharam no projeto Barra de Renda. Ao som dos tambores de congo e sob o cenário da igrejinha da praça, a apresentação da coleção de moda vai abrir a festa.
Segundo Zezé e Elian, as rendas feitas à mão têm atraído grandes grifes “porque remetem a um trabalho ancestral, que ‘casa’ com a tendência atual de buscar aconchego e criar vínculos emocionais com a roupa”.
Se é tradição, claro, a banda de congo Tambor Jacaranema vai tocar o ritmo que marca a Barra do Jucu e transcende gerações no bairro. Já o Barratuque vai chegar com muito samba, pop, repinique e Carnaval.
E o músico e compositor Izar apresentará canções autorais de seus dois discos – “O Amor, A Escuridão e A Esperança” e “Fantástica Realidade” , vai fazer releituras do rock e da MPB e lançar ao vivo seu novo single, a canção A Luz Que Me Guia.
O álbum de Izar Fantástica Realidade concorre no Prêmio da Música Capixaba e já está entre os 10 melhores do ano no Espírito Santo.
“Tocar na Barra do Jucu é sempre uma alegria. Um bairro que respira cultura, música, artesanato, história. Fazer parte dessa energia que valoriza a convivência das pessoas, o aprendizado, a troca… É um privilégio”, afirma Izar.
Resgate
A renda de bilro, trabalho manual passado de geração para geração, foi esquecida nos anos 70 na Barra do Jucu. Mas seu resgate se iniciou 45 anos depois, em 2015, por meio da arquiteta Regina Ruschi, moradora da Barra há 25 anos.
Para manter viva a tradição, Regina contou com duas rendeiras antigas: dona Enedina, hoje com 87 anos, e dona Rosinha, que morreu em 2019, aos 89.
“Dona Rosinha, nossa primeira mestra, nos ensinou e deu as condições de resgate. Por isso, 20 de julho, dia de seu aniversário, foi instituído por Lei Municipal, de autoria do vereador Joel Rangel, como Dia da Rendeira de Bilro de Vila Velha. Dona Enedina, nossa atual mestra, faz rendas maravilhosas, nos transmite seus conhecimentos pela oralidade e dá aulas avançadas”, explicou Regina.
As oficinas do projeto Barra de Renda começaram com 10 alunas. Hoje acontecem todos os dias no ateliê do grupo, de forma gratuita, para ensinar renda de bilro a 60 mulheres da Barra, de Meaípe, de outros bairros de Vila Velha e de toda a Grande Vitória. As aulas são ministradas por Mariza Gervasio e RosianeBiet, já formadas pelo projeto.
“Temos até uma aluna acima dos 70 anos que vem de ônibus de Jardim Camburi. Todas convivem em harmonia no nosso grupo, não importa a idade. Temos criança de 7 anos e minha mãe, Giza, de 91 anos, fazendo renda na mesma sala. Minha mãe aprendeu na oficina e hoje faz rendas todos os dias”, conta Regina.
Da Redação | Com informações de Izar
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