Em tempos de cuidados quanto ao uso dos recursos hídricos para a agricultura e a fim de aprimorar o trabalho dos extensionistas do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o órgão realizou um curso de manejo de irrigação, com duração de quatro dias, em Marilândia, no norte do Estado.
“Foi uma semana extremamente satisfatória. Sabemos que sem água não existe vida e que o equilíbrio do nosso planeta depende da preservação desse recurso. Além disso, a eficiência de uma agricultura irrigada de forma consciente é sinônimo de maior rentabilidade e segurança para o produtor rural”, disse o extensionista da unidade do Incaper em Guarapari, Cássio Vinícius de Souza.
O curso é fruto de uma parceria com a Embrapa Café e contou com a participação técnica dos parceiros: Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) em Santa Teresa e da empresa Hydra Irrigações.
Foram parte das discussões teóricas e das práticas de campo os sistemas de irrigação por aspersão, por microspray e por gotejamento, especificamente nas propriedades de Carlos Alberto Manzoli, Domingos Perim e Eduardo Aragão Santana. Todos eles possuem áreas irrigadas com alta tecnologia de manejo de irrigação e fertirrigação e são tidos como referência no assunto.
Subtemas para os três tipos de irrigação foram trabalhados em todos os dias de curso. Os extensionistas receberam orientações sobre licenciamento e segurança de barragens a partir de novas perspectivas, outorga para sistemas de irrigação, sistemas de filtragem e aplicação, principais causas de entupimento dos emissores, qualidade físico-química e biológica de água, qualidade biológica da água, controle de entupimento em gotejadores, análise de água, determinação do teor de ferro e Ph na água de irrigação, dosagem de cloro, principais falhas que afetam a qualidade do sistema, medição e cálculo da uniformidade de irrigação em gotejamento e aspersão, estimativas de evapotranspiração, instalação de tensiômetro e armazenamento de água no solo.
De acordo com o coordenador do curso, o pesquisador do Incaper José Geraldo Ferreira da Silva, a agricultura irrigada é importante para uma obtenção de boa produtividade no setor agrícola. “Esse momento que estamos vivenciando vai além de um conjunto de técnicas e equipamentos. A consciência de quem utiliza e multiplica essas informações destinadas as necessidades hídricas das plantas é de extrema importância. O produtor precisa sempre priorizar as fases de maior necessidade de água da lavoura e, ao fazer a aquisição dos equipamentos, optar por aqueles que possam ser otimizados”, lembrou.
O produtor recomenda
Há aproximadamente dois anos, o produtor rural Eduardo Santana adotou a irrigação por gotejamento. “Vocês precisavam ver isso aqui antes. Quantas perdas eu tive sem saber. Estou muito satisfeito e recomendo essa tecnologia. Aqui a gente usava a água do jeito que achava melhor, no ‘olho’ mesmo. Hoje eu consigo fornecer água e nutrientes para as minhas plantas a partir da quantidade ideal, no momento certo e diretamente na raiz da planta”, contou.
José Geraldo lembrou que quando se fala em alta tecnologia, as pessoas podem imaginar que seja sinônimo de “alto custo”, mas não é bem assim. “É necessário fazer uma análise técnica da inserção dessa tecnologia na propriedade, haja visto que ela poderá trazer benefícios para o produtor rural, em detrimento de outras técnicas. No final das contas, o produtor rural ganha em produtividade, economia de água, energia, insumos e reduz a mão-de-obra. Isso também é consumo consciente. Eu consigo produzir mais com menos, no final das contas”, disse.
O diretor técnico do Incaper, Nilson Araujo Barbosa, é extensionista e, na ocasião, lembrou que a falta d’água se tornou um dos principais problemas urbanos do nosso tempo. “Por este motivo, essa é uma oportunidade ímpar, a fim de aprimorar o conhecimento de nossos extensionistas, altamente capacitados quando se trata de formas, práticas e técnicas que favorecem a qualidade das lavouras com a quantidade de água adequada. Não podemos esquecer que a crise hídrica que assolou o Estado em 2015 é um assunto que voltou à tona, em razão da falta d’água, que se tornou um dos principais desafios para os próximos anos. Quando a água é fornecida de forma correta, estamos falando de consumo consciente. Conhecer bem as necessidades hídricas de cada planta, o tipo de solo, topografia da região e a quantidade de recursos disponíveis permite planejar o manejo racional da irrigação”, detalhou.
A meta do Incaper é capacitar, aos poucos, todos os extensionistas que atuam em agricultura irrigada.
Texto: Tatiana Caus.