A Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) lamenta a perda do cantor, compositor e músico Moraes Moreira. Eterno Novo Baiano, nascido no município de Ituaçu em 1947, Moraes deixa um legado, sendo parte indissociável da história da Axé Music e do carnaval moderno.
Sua carreira musical começou no papel de sanfoneiro, em festas juninas em sua cidade natal, localizada no Portal da Chapada Diamantina. Ao se mudar para Salvador, conheceu Tom Zé e foi apresentado ao rock’n’roll, gênero musical que exerceu grande influência em seu estilo. Mais tarde ele conheceria nomes como Pepeu Gomes, Baby Consuelo, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão. Com estes, formaria o grupo musical cujo nome foi imortalizado no nosso imaginário e cultura: os Novos Baianos. O álbum “Acabou Chorare”, lançado pela banda em 1972, é considerado um marco. Não à toa, foi o primeiro colocado pela prestigiada revista Rolling Stone na lista dos 100 melhores álbuns na história da música brasileira. Quando saiu dos Novos Baianos, sua cabeça fervilhava de ideias, dentre as quais, fazer um trabalho voltado para a música carnavalesca.
O músico foi o primeiro cantor a subir no trio elétrico e soltar a voz. Um divisor de águas para o carnaval da Bahia. Depois, veio a sequência de sucessos a exemplo da música que virou o hino da folia, Chame-Gente. Hits como: “Pombo Correio”, “Vassourinha Elétrica” e “Bloco do Prazer”, dentre outros, foram imortalizados. “Este título de Primeiro Cantor do Trio me foi dado por Dodô e Osmar. Acredito que ninguém poderá tirá-lo de mim. Os sucessos que vieram, confirmam tudo. São verdadeiras crônicas sobre o universo fantástico que envolve Dodô e Osmar e toda a família, pioneiros de um maravilhoso invento”, contou o artista em entrevista para a SecultBA em 2017.
Moraes Moreira se reuniu a antigos companheiros dos Novos Baianos em alguns momentos ao longo dos anos. Dentre os mais marcantes, em maio de 2016, o grupo em sua formação original participou do Festival Eu Sou a Concha, que marcou a reinauguração da Concha Acústica do Teatro Castro Alves, após ter passado por obras de revitalização. A noite, que já era histórica, tornou-se ainda mais especial.
O músico tinha uma relação próxima com o Carnaval do Pelô, onde se apresentou em diversas ocasiões, e recebeu homenagens, como em 2018, em show selecionado pelo Projeto 03 Artistas, comandado por seu filho Davi Moraes junto a Alexandre Leão e Moreno Veloso, com participação de Caetano Veloso, que o chamava de “Pai da Axé Music”. E em 2020, ano em que o Governo do Estado adotou como tema “70 Anos do Trio Elétrico”, Moraes Moreira foi um dos grandes destaques da noite de abertura. O artista, que na ocasião declarou que estava com saudades da folia no Pelourinho, agora deixa saudades nos corações de todos os baianos. A Bahia jamais se esquecerá da sua importância e do seu legado.
Por Secult/BA