Deputados avaliam retorno de atividades na pandemia

Em pronunciamentos deputados manifestaram preocupação com relaxamento de medidas preventivas | Foto: Tati Beling

Na primeira sessão ordinária híbrida – uma parte dos deputados presencialmente em Plenário e outra parte remotamente – realizada nesta segunda-feira (14), o presidente da Assembleia Legislativa (Ales), deputado Erick Musso (Republicanos), iniciou os trabalhos recomendando os cuidados que os deputados e servidores devem ter durante as sessões.

Musso lembrou que “num tempo de adversidades, num tempo de pandemia, num tempo onde o mundo, e não diferente no Espírito Santo, foi acometido pelo novo coronavírus e, hoje, voltamos ao trabalho com o nosso novo normal, com a devida precaução de nossos servidores”, disse. O tema de retomada dos trabalhos presenciais acabou sendo o ponto mais abordado nas intervenções dos parlamentares, cada um deles refletindo sobre algum aspecto provocado pela pandemia.

Novo normal

Na opinião do deputado Marcelos Santos (Podemos) nada vai voltar ao normal. “Muitas pessoas acham que a partir do momento que tudo em tese voltar à normalidade, tudo vai ficar normal. Ledo engano”. Ele ressaltou que a Covid-19 potencializou a crise econômica que vinha se arrastando ao longo do tempo, com efeitos para 2021.

Marcelo Santos disse que não deve concorrer no pleito que se avizinha, mas considerou que, para as eleições deste ano, os candidatos deverão ter um comportamento diferente e os eleitores terão de considerar e valorizar seus votos. Outro aspecto abordado pelo deputado foi o fato de que as prefeituras e câmaras municipais terão que mudar o seu comportamento e procurar ajuda nos poderes públicos fora do município, como a Assembleia, a Câmara Federal, os governos estadual e federal. “Nenhum prefeito, nenhuma câmara, vai conseguir resolver sozinha os problemas da cidade”. Ele cita como exemplo o seu município, Cariacica, com sérios problemas estruturais, segundo ele.

Outra preocupação séria foi levantada pelo deputado Sergio Majeski (PSB), com o retorno das atividades, pois o número de mortes é muito alto. “Retorno preocupado e angustiado. A situação é mais grave do que quando a gente parou. Estou muito temeroso com tudo isso. Fiquei preocupado porque vi alguns deputados no início da sessão sem máscara, tirando a máscara. Eu sinto que há uma tentativa às vezes de passar para a população uma falsa segurança”, observou.

O parlamentar ainda comentou sobre as aglomerações em praias, bares e ônibus lotados. “Quem está nos ônibus não estão o fazendo por vontade própria. Elas são obrigadas a fazer isso. Sinto que as pessoas estão abrindo a guarda. Talvez seja hora de redobrar os cuidados de tal forma que esses números caiam. Não há motivo nenhum para comemorar. Esse retorno é uma experiência”. Majeski ainda manifestou preocupação sobre o provável retorno das aulas e comentou sobre  consulta pública on-line realizada pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu) a respeito do tema. “ Temos que ter o otimismo de que tudo vai melhorar, tudo vai passar, mas não melhorou nada. Precisamos, portanto, continuar muito alertas em relação a tudo. Essa falsa impressão de que estamos voltando ao normal é ruim e podemos pagar caro por isso”, alertou Majeski.

Sessão híbrida

Duas deputadas explicaram porque continuam trabalhando em casa e participando das atividades legislativas remotamente. Iriny Lopes (PT), explicou a sua situação de grupo de risco inclusive com comorbidade. A deputada relatou que tem conversado com pais de crianças e jovens em idade escolar, inclusive de servidores. Estes últimos estão encontrando muitas dificuldades para o retorno ao trabalho, pois não têm onde deixar seus filhos. Mas ela entende que, mesmo assim, não há motivo para a volta às aulas. Iriny sugere que as atividades escolares continuem com a mesma metodologia quem tem sido aplicada até agora. Ela considera que o que está proposta como protocolo para a volta às aulas não é suficiente para preservar a saúde das pessoas. “Continuo contrária a querer aparentar uma normalidade que na realidade não existe. Ainda estamos em meio a uma pandemia, então qualquer retorno à normalidade (entre aspas, disse) não real, é fictícia, especialmente na área educacional”, enfatizou.

Já Janete de Sá (PMN), que foi vítima da Covid-19 e chegou a ficar internada em UTI, informou que continua trabalhando em casa, pelo menos até o final do mês. Ela até tentou participar de algumas atividades externas, mas relatou ter sentido mal estar, o que a levou à conclusão de que ainda não está bem. A deputada também disse não se sentir segura ainda para voltar ao Plenário. “Eu tive alguns episódio de bronco-espasmos e não sei dizer se isso é em decorrência das sequelas da Convid-19”, relatou.

Calendário de vacinação

A questão considerada grave pelo deputado Dr. Rafael Favatto (Patri) é a falta de vacinação de rotina durante o período da pandemia por medo de contaminação. Para Favatto, os pais estão com receio de levar seus filhos para vacinar com medo da contaminação do novo coronavírus e considerou esse fato muito preocupante. “É quebrar um pacto de erradicação da doença”. O deputado informou que, em média, nos sete primeiros meses, houve uma queda de 20% de vacinação. Ele alertou para  o perigo do retorno de algumas doenças considerada já erradicadas, fugindo do controle. Apelou para que os pais procurem atualizar as cadernetas de vacinação dos filhos.

Queimadas

A preocupação com a expansão das queimadas pelo país é preocupação do deputado Engenheiro José Esmeraldo (MDB). Ele comemorou o fato de ainda não ter sido constatado nenhum foco de incêndio no estado e sugeriu que as autoridades fiquem alertas para que no Espírito Santo não venham a ocorrer tais incêndios. Ainda reforçou que é preciso ação preventiva imediata. “Nós temos o dever e obrigação de alertar o governo e a população”, ponderou Esmeraldo.

Por Aldo Aldesco 


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