Covid-19: mais de 10 mil infectados na enfermagem no Espírito Santo

Barcellos cobrou valorização profissional e melhor estrutura nos serviços de saúde | Foto: Ana Salles

Mais de 10 mil enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem foram infectados pela Covid-19 no Estado. Esse foi um dos dados apresentados pela presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo (Coren-ES), Andressa Barcellos, para relatar a dificuldade desses profissionais na pandemia. Ela foi a convidada da reunião virtual da Comissão de Saúde desta terça-feira (11).

No total, 7.634 auxiliares e técnicos e 3.144 enfermeiros ficaram doentes por causa do novo coronavírus, revelou Andressa Barcellos com base no boletim emitido pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) em 3 de maio deste ano. “Os técnicos, auxiliares e enfermeiros são a categoria profissional que mais adoeceu de Covid-19”, afirmou. No caso dos enfermeiros, as infecções representam mais de 30% dos 10.126 registrados no Estado. 

Ainda conforme o boletim epidemiológico, de um total de 29.333 profissionais de saúde, 44,4% (13 mil) adoeceram em decorrência da natureza do trabalho. “Por isso a importância de melhores condições de trabalho, de equipamentos de proteção individual, e a gente pensar em uma estrutura e um contexto no qual o  profissional possa cuidar de vidas com segurança”, salientou. 

Em relação aos óbitos, Andressa Barcellos relatou que o novo coronavírus causou a morte de 96 trabalhadores da área da saúde. Desses, 18 foram técnicos e auxiliares de enfermagem, precedidos apenas pelos médicos, os mais impactados, com 32 mortes no Estado. 

Dificuldades na pandemia

A convidada apresentou o resultado de uma pesquisa feita pela Fiocruz que aponta dificuldades enfrentadas pelos profissionais de saúde na pandemia. O estudo, feito no ano passado, envolveu 25 mil trabalhadores e foi divulgado em 2021. Em linhas gerais o resultado é que o cenário da Covid-19 afetou o bem-estar e a vida deles.

Os dados mostram preocupações envolvendo a falta de segurança no ambiente onde atuam, a ausência de equipamentos de proteção individual, a carência de estrutura, a sobrecarga de trabalho, até problemas no dia a dia, como perturbação do sono, alteração no apetite e peso e casos de suicídio. 

Diante do quadro, Andressa cobrou mais investimentos nas condições de trabalho e estrutura de serviço, a instituição de uma política de educação permanente, o fortalecimento dos espaços de diálogo e controle social. “As condições de trabalho dos profissionais de saúde são muito desumanas”, atestou. 

Salário

A questão salarial também ganhou destaque. A pesquisa mostrou que 45% dos trabalhadores de saúde têm mais de um emprego. “Isso fala dos nossos baixos salários porque, tendo a carga de trabalho que a gente tem, o ritmo de trabalho que a gente tem, o estresse que a gente vive, ninguém tem dois empregos porque quer. O fator determinante são os baixos salários”, desabafou.

A presidente do Coren-ES citou como exemplo o valor pago a um enfermeiro contratado pela Sesa e pela Inova (estatal criada para gerenciar hospitais estaduais). Enquanto no primeiro caso esse profissional recebe R$ 4.443,60 para 200 horas por mês, no segundo, ganha R$ 2.688,00 para 180 horas. “A proporcionalidade do salário é menor”, pontuou. 

Andressa Barcellos falou sobre a importância do Projeto de Lei (PL) 2.564/2020, de autoria do senador Fabiano Contarato (Rede-ES), que cria o piso nacional do enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem. Ela pediu apoio à iniciativa, que está em consulta pública.

Os deputados que compõem a comissão se prontificaram a atuar em favor da categoria, sobretudo na valorização salarial. O presidente do colegiado, Doutor Hércules (MDB), considerou os vencimentos atuais da categoria como um “absurdo”. Além do piso, Dr. Emílio Mameri (PSDB) considerou imprescindível a luta pelas 30 horas semanais de trabalho. O deputado Luciano Machado (PV) também se colocou à disposição. 

Por Marcos Bonn


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