No Dia Nacional da Luta Antimanicomial, oficina de arterapia celebra a data no Caps de Linhares

Trata-se de um método terapêutico que gera impactos positivos na saúde | Foto: Secom/Felipe Tozatto

Em celebração ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial, o Centro de Atenção Psicossocial (Caps), órgão vinculado à secretaria municipal de Saúde de Linhares, região norte do Espírito Santo, realizou na manhã desta terça-feira (18) uma oficina de Arteterapia com pacientes acolhidos no Caps.  Além de pinturas, nas oficinas de arteterapia os usuários também têm a oportunidade de trabalhar com  esculturas e materiais recicláveis, movimentos de terapia corporal entre outros.

Trata-se de um método terapêutico que gera impactos positivos na saúde. Enquanto traçam os desenhos e usam as tintas, os pacientes conversam entre si e com a equipe multidisciplinar que os supervisiona. No meio do processo, socializam e expõem suas questões mais difíceis aos profissionais de saúde. Com o tempo, as pessoas assistidas se percebem  estabilizadas e, nesse processo, recuperam a autoestima, perdida há anos.

É o que afirma a fisioterapeuta e arteterapeuta do Caps, karina Soares. “Buscamos unir cultura, convívio social e saúde, a fim de dar qualidade de vida e inclusão social. Nas oficinas, o usuário tem a possibilidade de resgatar o seu desejo de vida”, explica a fisioterapeuta.

Além disso, com a arteterapia também é possível estabelecer conexões entre imagens que estão no inconsciente e a situação emocional vivida pelo paciente. “Na maioria das pinturas, trabalhamos com memórias. Temos pacientes que não conversam e não falam com ninguém e soubemos de sua história através de seus desenhos”, relatou.

Pedrolina participou da oficina e conta que a arteterapia transformou a sua vida. Quando chegou ao Caps, apresentava sintomas de Transtorno de Ansiedade Generalizado e síndrome do pânico. Logo depois que começou a pintar  e interagir com outras pessoas, percebeu o quanto progrediu em sua condição. “O que senti, de imediato, é que ganhei amigos e uma família nova, o que me fez ficar mais feliz”, contou.

Hoje, extrovertida e comunicativa, Pedrolina diz que além da oficina de artes já aproveita a oficina para cantar e dançar também. “Não me vejo mais como uma pessoa sozinha. Já sou a intrometida do pedaço, falando com todo mundo e tentando ajudá-los. Tudo porque as pessoas que trabalham aqui fazem muito mais do que o trabalho deles. Eles nos amam”, afirma.

Estímulos

O incentivo dado aos pacientes é um dos aspectos do espaço terapêutico, segundo o enfermeiro do Caps, Alessandro Guaitolini. “Muitos vieram com a autoestima lá embaixo, achando que não conseguiam fazer as coisas, que não eram vistos. Aqui, eles são valorizados pelo que conseguem fazer, até nas mínimas situações”, explica.

Segundo o enfermeiro, por causa do trabalho no local, o índice de internação dos pacientes que frequentam a oficina diminuiu, sempre com menos episódios de crise. “Eles ficam estabilizados – e isso também contribui na autoestima e vontade de viver e melhorar suas vidas a cada dia.

Na sua avaliação, alguns pacientes sinalizam situações durante a terapia que não conseguiriam falar em um consultório. “Essa é a grande importância das oficinas. Não é só fazer uma pintura, mas vir se comunicar, falar das suas questões, socializar e receber uma escuta diferenciada”, complementa Alessandro.

A oficina integra o plano terapêutico oferecido a pacientes com transtorno mental, como depressão, ansiedade e esquizofrenia. Eles passam por avaliação no Caps e, então, são indicados a fazer as atividades. Atualmente, entre 20 e 30 pessoas utilizam o espaço semanalmente assistidos pelas oficineiras Vanusa Marsaglia e Vanderleia Marsaglia. 

Por Alexandre Araújo


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