Léo de Paula lança álbum conceitual de percussão contemporânea no Espírito Santo

Entre outras atividades, Léo de Paula é professor de percussão do Projeto Vale Música Serra | Foto: Divulgação/Secult/ES

O músico percussionista, professor, produtor e compositor Léo de Paula disponibiliza nas plataformas digitais, nesta sexta-feira (29), o conteúdo do primeiro álbum autoral, “Grão: Território Percussivo”, selecionado pelo Edital Setorial de Música, da Secretaria da Cultura do Estado do Espírito Santo (Secult). O trabalho, que também terá edição em CD, reúne 12 composições divididas entre obras de concerto contemporâneas e peças escritas para trilha sonora de espetáculos de dança afro-brasileira.

Entre outras atividades, Léo de Paula é professor de percussão do Projeto Vale Música Serra, instrutor de oficinas do Museu Capixaba do Negro “Verônica da Pas” (Mucane) e de cursos livres de música do Centro Cultural Sesc Glória.

O recital de lançamento do álbum “Grão: Território Percussivo” será no dia 23 de novembro, às 16 horas, no Museu Capixaba do Negro, em Vitória. Durante o evento, Léo de Paula vai apresentar as composições do álbum com a participação do Grupo de Percussão do Projeto Vale Música Serra e do Projeto Badu de Dança Afro-Brasileira.

O CD físico vem em formato digipack, em cuidadoso trabalho gráfico, e traz ainda textos produzidos pelo compositor para cada faixa, em encarte com oito dobras e fotografias de Tadeu Bianconi e Ariane Dourado.

Pesquisa

Gravado em Vitória, entre setembro de 2019 e janeiro de 2021, o CD é resultado de uma pesquisa desenvolvida pelo artista em torno de territórios percussivos que compreendem tanto a música miscigenada de rua e o carnaval quanto o ambiente de concerto e a experimentação. Léo de Paula define o álbum como uma junção de “música de concerto contemporânea para percussão e obras para espetáculo de dança”. Trata-se de um trabalho vigoroso, em que o músico se propõe a expressar diferentes olhares sobre as possibilidades de sons, ritmos e cores sonoras, proporcionadas pelos mais de 20 instrumentos utilizados por ele nas gravações, entre os quais handpan, tambores de língua de aço, marimba, berimbau, pandeiros, tambor de congo, chocalhos, caxixis, sementes amazônicas, timbal e cuícas.

“A família dos instrumentos de percussão é território fértil: são muitas formas de obtenção sonora, cores timbrísticas, materiais que percutem e que são percutidos, sensações que são despertadas e que remetem a linguagens, lugares e tradições diretamente conectadas ao universo percussivo”, observa o músico, que, entre 2010 a 2015, integrou o naipe de percussão da Orquestra Sinfônica do Espírito Santo (Oses). Todas as composições são de Léo de Paula, com exceção de “Grão”, de Leonardo Gorosito, dedicada ao compositor; e “Das águas”, em parceria com a cantora Ekaterina Bessmertnova, que faz vocalises nesta faixa.

O caldeirão sonoro abrange ritmos, como o ijexá e o congo, azeitado por pitadas de frevo, maracatu, samba, funk e forró, com especial atenção ao sincretismo religioso originário da filiação do Brasil à África. “As referências composicionais vão desde o potencial de protagonismo inerente a tais instrumentos (muitas vezes relegados ao exótico e folclórico), passando por alusões a arquétipos sagrados afro-brasileiros, pelo misterioso fascínio provocado pela natureza e pela experiência marcante da paternidade”, destacou Léo de Paula.

Ele dedicou a obra em três movimentos “Andryusha” ao filho Andrey, cujo nascimento se deu durante a feitura do álbum: “Andryusha é uma forma carinhosa atribuída ao nome Andrey. É uma obra em três movimentos escrita para o meu filho: Andrey Bessmertnov de Paula. O processo de composição se deu a partir de um mergulho na gestação, no nascimento e nos primeiros meses de vida e desenvolvimento, já repletos de estímulos artísticos criativos”, revelou.

Além da música contemporânea de concerto para percussão, a outra parte do material gravado por Léo de Paula no CD contempla composições escritas pelo músico em 2019 para espetáculos de dança, a partir de uma estética que dialoga com a world music. São músicas que fizeram parte da trilha do espetáculo “Macurá-Dilê” e foram recoreografadas e incorporadas ao repertório e dramaturgia do espetáculo “Ipuan”, elaborado entre o fim de 2020 e início de 2021, e IIAÔ, elaborado no segundo semestre de 2021, pelo Projeto de Dança Afro-Brasileira Badu.

Mais que a escuta, mas também a partir dela, “Grão: Território Percussivo” incorpora o desejo de somar à produção e difusão de uma linguagem autêntica no terreno da música.

Por Aline Dias, Danilo Ferraz, Erika Piskac e José Roberto Santos Neves


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