Comissão articula ações em defesa de crianças no Espírito Santo

A defesa da infância e da juventude em diversos aspectos foi discutida na audiência pública híbrida promovida pela Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente no Plenário Dirceu Cardoso, na Assembleia Legislativa do Espírito Santo, na tarde desta quarta-feira (27). O debate foi realizado dentro do contexto do projeto “Deixem Nossas Crianças Viverem”, um relatório de quase 200 páginas que vai se transformar em ações de trabalho do colegiado.

Deputado Delegado Danilo Bahiense | Fotos: Ellen Campanharo

O proponente do encontro foi o deputado Delegado Danilo Bahiense (sem partido), presidente da comissão. “O projeto representa um sonho que não é somente meu e nem dos deputados que compõem esta comissão, mas um sonho que é de cada pai e cada mãe deste Estado, desta nação e do mundo, que deseja que seu filho cresça com base em princípios e valores que sua família subsiste”, disse, na abertura dos trabalhos.

Dois integrantes do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) participaram da atividade de forma virtual. O secretário Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Mauricio Cunha, informou que dados do governo federal apontam 119 mil denúncias recebidas em 2021 de violações contra crianças e adolescentes nos canais da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. “É o grupo que mais sofre violência. É um terço das denúncias”, afirmou.

Na avaliação do secretário, os ataques à vida, identidade e dignidade estão entre as três principais violações que atentam contra os direitos das crianças. De acordo com Mauricio Cunha, mais de 7 mil crianças morrem por agressões por ano no país, excluindo as mortes causadas por acidentes de trânsito e domésticos. Para combater tal violência, pontuou que o ministério conta com mais de 30 projetos estratégicos.

Por fim, lembrou que Vitória é a terra da criança Araceli (assassinada aos oito anos de idade em 1973), citou a importância do colegiado e finalizou salientando que a melhor proteção para as crianças não é a advinda da repressão, mas do fortalecimento dos vínculos familiares.

O cenário da violência infantojuvenil no Espírito Santo foi apresentado por Bahiense. O deputado disse que entre janeiro e agosto de 2021 foram 827 internações por abortos (DataSus); de janeiro a setembro deste ano 82 homicídios dolosos (Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social – Sesp) e em 2020 identificados 1.119 estupros de vulnerável (Anuário Brasileiro de Segurança Pública – 2021). “Isso é o que foi noticiado, porque a gente sabe que muitos casos não chegam à polícia”, alertou.

Vínculo familiar

Já  Ângela Gandra, secretária Nacional da Família do MMFDH, falou que é preciso dar protagonismo aos pais na educação dos filhos. “Estamos trabalhando as famílias nas escolas, o homeschooling e as escolas comunitárias, de acordo com a liberdade dos pais, o que não permitimos é omissão e delegação para as escolas”, ressaltou.

Outros assuntos abordados por ela versaram sobre temas como direito do nascituro, sexualização e gravidez precoce, prevenção de comportamentos de risco na juventude e adoção. Gandra elencou uma série de projetos do ministério voltados para as famílias: Famílias Fortes, Reconecte, Campanha Tudo tem seu Tempo e Equilíbrio, Trabalho e Família. Todos foram elaborados no contexto da Estratégia Nacional de Fortalecimento de Vínculos Familiares (Decreto 10.570/2020). 

Também conclamou os parlamentares a criarem uma Frente em Defesa da Família. “Alguns lugares estão focando a vida e a família, especialmente a família, que protege a vida. Estou à disposição para inaugurar essa frente e a Secretaria tem muito para compartilhar com vocês; A família é uma pauta suprapartidária”, frisou.

Linguagem neutra

Vereadores de Minas Gerais, Paraná e Espírito Santo marcaram presença na audiência. Nikolas Ferreira (PRTB), vereador por Belo Horizonte, fez uma exposição criticando a chamada linguagem neutra. “É uma modificação da cultura. Precisamos estar atentos. O embasamento é para inclusão dos não-binários, mas você está excluindo cegos, surdos, pessoas com dislexia”, ilustrou.

Também contou que é autor de um projeto proibindo a utilização dessa linguagem na capital mineira. O vereador por Vitória Gilvan da Federal e o deputado Capitão Assumção (ambos do Patri) comunicaram que têm proposições no mesmo sentido na Câmara de Vitória e na Assembleia Legislativa, respectivamente.

João Brito, pastor da Igreja Evangélica Batista de Vitória (IEBV), abordou variados temas debatidos no encontro, como aborto, ideologia de gênero, linguagem neutra, erotização infantil, abuso sexual e trabalho infantil. Ele ainda elogiou o trabalho da Polícia Militar (PMES) no combate às drogas por meio do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) e falou do trabalho das casas lares para meninos e meninas, projeto desenvolvido pelo Instituto Vida, ligado à IEBV.

Além dos citados, participaram da audiência os deputados Luciano Machado (PV), Torino Marques (PSL) e Carlos Von (Avante); as vereadoras por Curitiba, Sargento Tânia Guerreiro (PSL) e por Ibiraçu, Bete Malbar (PV); o Pastor Anderson Aurora (IEBV); o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho (MPT-ES), Estanislau Tallon Bozi; e o assessor parlamentar André Cunha.

Por Gleyson Tete


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