“Como negra, não quero mais ser objeto de estudo, e sim o sujeito da pesquisa”. A frase da escritora e filósofa Djamila Ribeiro expressa o objetivo da programação especial da “Semana da Consciência Negra – Resistência, Cultura & Arte”, que começa no sábado (13) e vai até o dia 20, no Museu Capixaba do Negro Verônica da Pas (Mucane), em Vitória, capital do Espírito Santo, data na qual é celebrado o “Dia Nacional da Consciência Negra”.
“Essa data nos faz refletir sobre a importância da população e a influência das origens africanas no Brasil. Despertar essa consciência é entender a história, a herança e a imensa contribuição que os negros tiveram no desenvolvimento da identidade cultural do nosso país. Para onde olhamos podemos enxergar áreas profundamente influenciadas pela cultura afrodescendente seja na música, na religião, na gastronomia, na política entre várias outras”, afirmou o secretário municipal de Cultura, Luciano Gagno.
A ação, que é promovida pela Secretaria Municipal de Cultura (Semc), traz uma programação que contará com várias ações culturais em diferentes modalidades artísticas. Os visitantes terão acesso a oficinas de música, culinária, contações de histórias, vivências em danças, diálogos, workshops, espetáculos e exposições.
“A possibilidade de concretizar essa programação é um convite ao público, de diferentes faixas etárias, para compreender os processos de resistência, conhecimento e autorreconhecimento como pessoa negra, valorizando os aspectos da cultura, tradição, história e arte”, declarou o pedagogo do Mucane, Jocelino da Silva Junior.
Dança
O sábado (13), primeiro dia da “Semana da Consciência Negra – Resistência, Cultura & Arte”, será marcado pela dança. O professor Maicom Souza coordena, a partir das 14 horas, a oficina “Vivência de Dança Afro”, onde os visitantes terão a oportunidade de experienciar a prática de iniciação à dança afro, movimentando a consciência corporal em contato com ritmos africanos.
Também na tarde de sábado, a partir das 15h30, o grupo de capoeira “Angola Volta ao Mundo”, realiza uma apresentação com o objetivo de rhomenagear ao Mestre Pastinha. O tributo acontece na data de falecimento de Vicente Ferreira Pastinha, como se chamava o Mestre, conhecido como figura central na história da Capoeira Angola, modalidade tradicional da Capoeira. Pastinha também é considerado um dos grandes griôts da cultura de matriz africana, no Brasil.
Vivências Afro
No segundo dia de programação, terça-feira (16), será retomada a oficna “Vivência de Dança Afro”, a partir das 9 horas. No mesmo horário, professores da rede municipal de ensino de Vitória participam de uma formação especial.
Na parte da tarde, às 15 horas, Jordan Fernandes orienta uma vivência especial e às 16 horas a atividade “Diálogos com Mulheres Negras”, propõe um bate papo com reflexões sobre racismo, resistência, lutas e desafios da mulher negra no Brasil.
Exposição
Em cartaz no Mucane, a partir do próximo sábado (13), até fevereiro de 2022, a exposição “Black is Beautiful” do artista plástico Dejair Paulo, promete ser um dos pontos altos da programação.
A mostra traz o protagonismo feminino negro, com uma reflexão sobre a beleza e o lugar que a mulher negra ocupa na sociedade. As obras propõem um olhar sobre o corpo feminino e o espaço de representação dessa mulher que afirma sua identidade.
O quesito sustentabilidade também foi considerado para a elaboração da exposição que se utiliza de materiais descartados como o papelão e o papel kraft para a confecção das obras.
O horário de visitação é de terças às sextas-feiras, das 9 às 18 horas e aos sábados de 10 às 14 horas. Não é necessário agendamento prévio, exceto para grupos e escolas, e a entrada é gratuita.
Para mais informações e agendamentos de grupos ou escolas os contatos são: mucanegro@gmail.com e (27) 3222-4560.
O mar que banha a Ilha de Goré
Durante todo este mês de novembro, o Mucane conta com uma atração especial para as crianças: o espetáculo de dança “O mar que banha a Ilha de Goré”.
A apresentação voltada para o público infantil, de 6 a 12 anos, que estreou na última sexta-feira (5) e vai até o próximo dia 21, é baseada no livro homônimo de Kiusam de Oliveira.
Na obra, a criançada conhecerá a história de Kika, uma menina brasileira que realiza uma viagem para conhecer a Ilha de Goré, no Senegal, país da África Ocidental.
A classificação indicativa é livre e a entrada é franca. A organização pede que os interessados cheguem ao local (Mucane), que fica no Centro Histórico de Vitória, com meia hora de antecedência para a retirada dos ingressos.
Por Pedro Vargas
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