Câncer: cuidados em casa contribuem para o sucesso do tratamento

Alimentação regrada, boa higiene oral e práticas de autocuidado podem ajudar a minimizar efeitos colaterais e proporcionar mais qualidade de vida ao paciente

A batalha contra o câncer traz diversas mudanças na rotina dos pacientes. Após o oncologista prescrever o tratamento mais indicado para a doença, um novo ritmo de vida começa, com cuidados que vão muito além do consultório médico. As atividades do dia a dia em casa, incluindo alimentação, higiene oral e autocuidado, são grandes aliadas para a continuidade e sucesso do tratamento.

Além do oncologista, é fundamental que o paciente seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar, que conta com especialistas como psicólogo, nutricionista, dentista, enfermeiro e farmacêutico. São esses profissionais que vão percorrer junto ao paciente todo o caminho da doença, dentro e fora do consultório, realizando terapias integrativas, manejo de sinais e sintomas decorrentes do tratamento oncológico.

A começar pela dieta, o apoio de um nutricionista é importante para orientação sobre os alimentos que devem ser consumidos em casa, avaliação das restrições e também desmistificação de certos nutrientes. Ele também pode ajudar a manejar e prevenir sintomas decorrentes do tratamento, como náuseas e falta de apetite.

“É comum que um paciente chegue ao consultório com alguma receita de chá, receita da avó, ou alguma vitamina que ouviu falar e comprou na farmácia. O quimioterápico tem interação com nutrientes e outros fármacos, então, a equipe deve ficar atenta. São muitas restrições, mas também temos que ter sensibilidade para entender que o paciente tem uma vida social, e, para isso, vamos acompanhando e adaptando a rotina alimentar”, destaca Laysla Guerra, nutricionista da Oncoclínicas ES.

Não são só os alimentos que preocupam. A automedicação é outro desafio para os especialistas. Seja com um simples chá que promete benefícios ou um comprimido para dor de cabeça, nada deve ser ingerido em casa sem antes consultar um especialista.

“Além de ter interação com o quimioterápico, o uso contínuo de alguns nutrientes também pode agredir o fígado, por exemplo. Quanto aos medicamentos, pacientes oncológicos podem ter diabetes, pressão alta, fazer uso de antidepressivo, então, é importante comunicar para que um especialista avalie o caso. Para efeitos colaterais mais frequentes ao tratamento, como náusea, diarreia, constipação, já são receitados os medicamentos de suporte para uso domiciliar. O paciente deve seguir as orientações à risca para controlar reações e passar o tratamento com menor índice de reação adversa” afirma a farmacêutica da Oncoclínicas ES, Franciele Marcon.

Em casa, um outro hábito comum deve ser a boa higiene oral, principalmente em pacientes com câncer de cabeça e pescoço. Além de escovar os dentes, fazer uso do fio dental, o paciente deve ter o acompanhamento do dentista, que vai ajudar prevenir e atenuar os efeitos colaterais. “Os cuidados com a boca não devem ser menosprezados na rotina diária porque eles são os principais focos de controle de infecção, sobretudo em pacientes oncológicos, com baixa imunidade em decorrência do tratamento.”, explica Beatriz Coutens, estomatologista da Oncoclínicas ES.

Esse cuidado em casa requer disciplina e planejamento. A adesão do paciente ao tratamento integral ainda é um desafio para os especialistas. O primeiro passo começa no consultório e se estende para as atividades rotineiras. Para atravessar a experiência de doença e tratamento, o paciente pode ter o apoio do psicólogo, que vai ajudá-lo a elaborar o diagnóstico do câncer.

“O cuidado estendido é importante para lembrar que o paciente não é apenas a doença. Apesar das restrições, procedimentos invasivos e da experiência, que por si só já é sofrida, é importante ressignificar todo esse processo, dar sentido à experiência. Afirmar a subjetividade do paciente, para que ele possa ter uma vida mais próxima possível ao que ele era antes do tratamento. O paciente pode inclusive refletir sobre o que importa, o que o faz estar neste mundo e, a partir disso, estabelecer uma rotina para si em casa. É necessário reforçar que os lugares que cada sujeito ocupa no mundo não são condicionados ao câncer, ele pode limitar, mas a pessoa é muito mais que a doença”, diz Aline Barrada, psicóloga da Oncoclínicas ES. O tratamento realizado na clínica e no consultório continua em casa e deve ser seguido, evitando riscos relacionados ao tratamento, garantindo mais qualidade de vida e eficiência do tratamento do câncer.

Por Benahia Figueiredo | P6 Comunicação


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