História de superação: um recomeço para Reginaldo

Reginaldo é baiano, mas se considera capixaba | Foto: André Sobra

As pessoas em situação de rua têm muitas histórias para contar, algumas delas de superação e conquista como a do Reginaldo Borges, 45 anos, que esteve em situação de rua na capital do Espírito Santo, Vitória, foi assistido pelos serviços da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) e hoje está no Abrigo Emergencial, essa semana conseguiu um emprego de serviços gerais em uma empresa terceirizada.

Reginaldo é baiano, mas se considera capixaba por conta do tempo em que está no estado. Desde os 14 anos convive com a dependência química, era usuário de entorpecentes lícitos e ilícitos. 

Ele relata que possuía uma vida social ativa, frequentava festas, tinha muitos amigos e um pequeno comércio que trabalhava como barbeiro e cabeleireiro. Conduzia a vida e os negócios entre momentos altos e baixos, mas podia contar sempre com o apoio familiar. 

“Sempre tive uma família presente, a minha dependência abalou muito essas pessoas e eu sinto muito, pois hoje isso fere a minha alma”, conta Reginaldo com muita tristeza e pesar. 

A vida de Reginaldo chegou em um ponto crítico quando o pai faleceu. Esse foi o momento em que causou uma reviravolta na vida dele, a notícia o abalou muito e o fez descontar a tristeza nas drogas. Em decorrência do uso contínuo dos entorpecentes viveu por dois ou três meses nas ruas de Vitória, local em que morava há pouco tempo.

Por meio das ações do Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas) que Reginaldo foi acolhido pelos serviços da Semas pela primeira vez e logo se recuperou, conseguiu um novo emprego e uma vida com mais significado. 

Vale ressaltar que o Seas é realizado diariamente em Vitória. As pessoas em situação de rua recebem orientação e encaminhamento para a rede de serviço, conforme a demanda apresentada e aceitação dos mesmos às intervenções propostas. 

Durante quatro anos, muitas coisas aconteceram na vida de Reginaldo, inclusive a morte da mãe, mas conseguia conciliar o trabalho, o sustento com o uso dos entorpecentes. 

Em seguida, teve outra recaída com as drogas e chegou a uma realidade mais cruel, já sem o apoio da família, falta de amor próprio. “Sem pai, sem mãe, já me sentindo sozinho, isso teve um impacto muito grande. Fez com que as drogas chegassem com mais perversidade. Enfim, me descuidei do mundo, me entreguei”, explica ele. 

Em decorrência desses episódios, Reginaldo veio à falência e passou a viver nas ruas da capital. Durante seis meses ele passou por momentos difíceis e desafiadores até aceitar a ajuda das equipes de abordagem da Semas. 

Hoje faz seis meses que Reginaldo está abrigado no Acolhimento Emergencial Transitório, um dos equipamentos da Semas, que é um espaço para pessoas em situação de rua que conta com o ambiente para repouso, camas, acomodações, guarda pertences, lavagem e secagem de roupas, higiene pessoal e vestuário. 

O ambiente é humanizado, com os atendidos sendo tratados como hóspedes. O acolhimento possui a capacidade de atendimentos para 40 pessoas e conta com  a coordenação e equipe técnica de referência para o acompanhamento das demandas, atendimentos e encaminhamentos necessários, além de educadores sociais para atender com qualidade as peculiaridades dos usuários. 

“Já tem seis meses. Seis meses vivendo, contribuindo e sendo contribuído. Agora acredito que reiniciei com certo sucesso. Eu consegui reconstruir um pouco do lado social, com a ajuda de técnicos, do apoio da Prefeitura de Vitória e esse espaço aqui me ajudou bastante”, relata Reginaldo. 

Além de conseguir um trabalho, Reginaldo também voltou a estudar. Por falta de interesse, ele paralisou os estudos por volta dos 14 anos, mas agora está na turma de Ensino de Jovens e Adultos (EJA) que é disponibilizada no próprio Acolhimento Emergencial em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (Seme). As aulas acontecem de segunda a sexta-feira no período noturno. 

Agora trabalhando, Reginaldo deu mais um passo para o recomeço. “Tenho as melhores expectativas para o futuro. Um novo emprego, a autoestima renovada, o convívio social restabelecido. Só tenho a agradecer as equipes e a Prefeitura de Vitória pelo trabalho, que é de uma responsabilidade imensa e o realiza muito bem”, finaliza Reginaldo. 

Por Fernanda Sant’Anna


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