Dados mostram aumento de impureza no café comercializado no Espírito Santo

Segundo o diretor da Abic, nas amostras analisadas verificou-se que percentual de mistura indevida cresceu em produtos vendidos no Espírito Santo

Segundo Janete de Sá (PMN), presidente do colegiado, uma das marcas apresentava selo da Abic | Fotos: Foto: Lucas S. Costa

Na reunião da Comissão de Agricultura, nesta terça-feira (22), o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), Celírio Inácio da Silva, apresentou dados que constatam o aumento de impurezas encontradas no café vendido no Espírito Santo. As análises laboratoriais foram feitas pela Abic entre 2019 e 2021.

Os dados apresentados têm relação com as ações realizadas pela Comissão de Agricultura em conjunto com a Delegacia do Consumidor (Decon), recentemente, para recolher, nos supermercados da Grande Vitória e Cachoeiro de Itapemirim, lotes de produtos com composição adulterada. Segundo Janete de Sá (PMN), presidente do colegiado, uma das marcas apresentava selo da Abic. 

O diretor da Abic, Celírio Inácio

Conforme o diretor da associação, Celírio Inácio, em 2019 foi encontrado café misturado com outras substâncias em 2% dos produtos analisados dos 23 associados capixabas à Abic; em 2020 esse percentual passou para 9%; e em 2021 foi de 8%. Entre os não associados com indústrias localizadas aqui, os resultados foram maiores, com 21% de impureza confirmada nos produtos em 2019 e 2020; e 31% em 2021.

“Nesse ano de 2021 nós passamos a ter maiores coletas, maiores monitoramentos porque entendemos que tivemos muitas dificuldades de aquisição de matéria-prima e vontade de fazer errado”, avaliou Celírio Inácio. Para Janete de Sá (PMN), o aumento do valor da saca fez com que alguns empresários de má fé usassem impureza para baratear o custo. 

“É um mercado extremamente competitivo. Fazemos todo o trabalho para mostrar (…) a diferença de um café para o outro, não só na impureza como na qualidade”, atestou o diretor. Ele afirmou que em 2021 o custo das matérias-primas registrou 140% de aumento. No ponto de venda foi constatado aumento de 52% no café torrado e moído. 

O mapa das impurezas do café de 2021 traz o estado de Minas Gerais na primeira colocação, seguido por São Paulo, Goiás, Bahia, Paraná, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Conforme o diretor da Abic, Celírio Inácio, o Espírito Santo não pode ser visto como um estado que se destaca quando o assunto são impurezas do café. 

A coordenadora de Projetos da Abic, Mônica Pinto

A coordenadora de Projetos da Abic, Mônica Pinto, lembrou que em 1989 foi lançado o Programa de Autorregulamentação do Selo de Pureza da associação com o objetivo de banir as impurezas na bebida e aumentar o consumo interno. A iniciativa foi colocada em prática entre os anos de 1980 e 1990, época de recorrentes fraudes no segmento no Brasil. 

O cenário de desrespeito à legislação acabou impactando na credibilidade da bebida nacional, que registrou queda no consumo. A Abic atuou no sentido de reverter esse movimento e para assegurar a competitividade do setor, explicou a coordenadora da entidade. Para isso, mais de R$ 30 milhões já foram investidos pela entidade para aumentar a credibilidade do café brasileiro.

Participaram da reunião os deputados Torino Marques (PSL), Theodorico Ferraço (DEM), Raquel Lessa (PP), Marcos Garcia (PV), Dr. Emílio Mameri (PSDB). Também estiveram presentes o presidente do Centro de Comércio de Café de Vitória (CCCV), Márcio Cândido Ferreira; o presidente do Sincafé, Egídio Malanquini, e os vereadores de Sooretama Igor do Salão e João Paulo (ambos do PMN). 

Por Marcos Bonn


Siga A IMPRENSA ONLINE no InstagramFacebookTwitter e YouTube e aproveite para se logar e deixar aqui abaixo o seu comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *