Municipalização de escolas em debate no Espírito Santo

Na Comissão de Educação, representante da Sedu afirmou que cerca de 60% das cidades capixabas já aderiu ao modelo no ensino fundamental

Coordenador da Secretaria de Educação Saulo Andreon (D) disse que há diálogo em torno do tema | Fotos: Lucas S. Costa

A municipalização de escolas estaduais foi debatida entre deputados e assessores da Secretaria de Estado da Educação (Sedu) no colegiado de Educação. A reunião foi realizada nesta segunda-feira (28), no Plenário Rui Barbosa.

De acordo com coordenador do Pacto pela Aprendizagem no Espírito Santo (Paes), Saulo Andreon, cerca de 60% dos municípios capixabas já aderiu à mudança. Ele afirmou que 92% dos alunos da rede pública de ensino no Estado pertencem aos municípios.

“Existe um amplo diálogo para a universalização da rede. A proposta é universalizar os anos iniciais para os municípios, já que é nas cidades que acontecem os primeiros anos de educação das crianças”, declarou Andreon.

Para Sergio Majeski (PSB), a municipalização do ensino pode acarretar problemas aos cofres dos municípios. Segundo o deputado, que é professor, a medida pode ser temerária pelo fato de a municipalização do ensino se tratar de política de governo.

Deputado Sergio Majeski

“A municipalização é preocupante. Todo estado tem interesse de se livrar do ensino fundamental. Quer diminuir despesa e jogar isso para os municípios. Eu, se prefeito, eu não aceitaria municipalizar”, avaliou o parlamentar.

Ele continuou: “Temos municípios paupérrimos que mal dão conta do que têm hoje. Ainda que haja complementação, o município não tem capacidade de investimento. É temerário porque o município vai ser o garantidor da qualidade na educação daí por diante. O Estado não vai querer de volta”, disse.

De acordo com o coordenador da Sedu Saulo Andreon, a arrecadação dos municípios capixabas permite ofertar ensino de qualidade.

“Hoje temos muito diálogo entre Estado e municípios. Nem sempre mais dinheiro significa educação de qualidade. Não sou contra o aumento de repasse aos municípios, mas é possível melhorar a qualidade na educação sem depender apenas de verbas”, alegou.

Também chamada de organização e universalização da rede de ensino, a municipalização transfere a competência sobre a escola do Estado para o município. A prática é estimulada pela Constituição de 1988 e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996.

Na prática, com a municipalização, o Estado cede o uso dos prédios das escolas municipalizadas para as prefeituras. Os professores concursados no Estado também são cedidos e continuam atuando nessas escolas.

Deliberações

O Colegiado também debateu duas proposituras de autoria do deputado Capitão Assumção (PL). Uma delas é o Projeto de Lei (PL) 609/2022, que obriga escolas  públicas e privadas do Estado a comunicarem aos órgãos de proteção à Criança e ao Adolescente os casos de automutilação que ocorrerem dentro das instituições.

A matéria foi rejeitada pelos deputados. Segundo Sergio Majeski, as escolas já realizam esse tipo de monitoramento, inclusive em relação a casos de violência e depressão entre os estudantes.

“ A coisa vai além. As escolas tentam fazer isso, mas tem outras questões. Ou outros órgãos, outras políticas, outras secretarias entram nisso ou não haverá jeito. Falta infraestrutura”, afirmou.

A outra matéria de Assumção analisada foi o PL 81/2020. Conforme a iniciativa, escolas que ofertam cursos online devem exibir as notas de avaliações mesmo após a conclusão da disciplina. A proposta foi aprovada por unanimidade.

A reunião também teve a participação do presidente da Comissão de Educação, deputado Bruno Lamas (PSB).

Por Silvia Magna


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