Julho Amarelo: campanha reforça os cuidados contra as hepatites

Especialista em hepatologia alerta que os sintomas da inflamação podem passar despercebidos

Laço amarelo e vermelho representa o dia de conscientização sobre as hepatites virais | Foto: Freepik

O mês de julho traz mais uma campanha de saúde: o Julho Amarelo, que reforça as ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites virais. Hepatite é o nome dado a qualquer inflamação do fígado – segundo maior órgão do corpo humano -, que pode ser causada por diferentes vírus, uso de alguns medicamentos, álcool e outras drogas. A condição pode surgir ainda por razões genéticas, metabólicas e doenças autoimunes. 

Segundo dados do Ministério da Saúde, de 1999 a 2020, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) notificou 689.933 casos de hepatites virais no Brasil. Desses, 168.579 são referentes a hepatite A, 254.389 de hepatite B, 262.815 de hepatite C e 4.150 de hepatite D. No Espírito Santo, nesse mesmo período, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) registrou 15.904 casos. Do total, 2.649 foram causados pelo vírus da hepatite A, 8.617 de hepatite B e 4638 casos pelo vírus da hepatite C.

Os tipos mais comuns são as hepatites A, B, C e D. O hepatologista da Unimed Vitória Fabiano Furlan explica que, em relação ao contágio, a hepatite A está relacionada às condições de saneamento básico, por isso, é possível ter contaminação ao tomar água contaminada, não lavar bem os alimentos, colocar a mão na terra infectada e, em seguida, na boca. Por esses motivos, é uma doença extremamente comum na infância. “Na maioria das vezes, a hepatite é confundida com uma gastroenterite, por ser difícil diferenciar os sintomas. É possível identificar por meio de exame laboratorial específico. Na fase adulta é uma doença grave e séria. A maioria das pessoas tem o diagnóstico na infância”.

A transmissão da hepatite B acontece por contato sexual, troca de sangue e durante o nascimento de um bebê de parto normal. Caso a mãe tenha a doença, a criança pode engolir secreções que contenham o vírus. É importante lembrar que atualmente as chances de transmissão por sangue são pequenas devido a evolução dos exames, além disso, a gestante já sabe desde o pré-natal se tem hepatite B.

Existem vacinas disponíveis contra as hepatites A e B sem exigência de idade mínima. As crianças são vacinadas contra a hepatite B ao saírem da maternidade e os adultos que não têm imunidade podem receber a vacina na rede pública. Porém, a vacina contra a hepatite A está disponível somente na rede particular. Já para o tipo C da hepatite não existe vacina e o contágio também ocorre por meio da troca de sangue. Entre todas as hepatites, o tipo C é o único que tem cura por meio de um remédio que livra completamente o corpo do vírus. Já a hepatite D está relacionada a uma infecção com o vírus da hepatite B, isto é, o paciente com hepatite D precisa estar infectado com os dois vírus, caso contrário o agente infeccioso não sobrevive.

Furlan alerta que os sintomas da inflamação podem passar despercebidos, visto que a maioria da população é assintomática, sendo comum ver relatos de sintomas específicos de dor na barriga e boca amarga relacionados ao fígado. Mas não são todas as pessoas que manifestam os sinais dessa maneira. “Durante a fase aguda da hepatite B, o paciente fica amarelo e deve ir ao hospital para ter um diagnóstico. Quando chega no estágio de cirrose, muitos pacientes descobrem a hepatite C, em que 100% dos casos têm essa evolução. A recomendação é não ficar à espera dos sintomas aparecerem ou deixar surgir algum incômodo no fígado. O amarelão, por exemplo, que é o mais comum, aparece em 10% dos casos, uma minoria. Deve-se pedir para o médico incluir a parte hepática de sorologias virais nos exames anuais, pelo menos uma vez a cada cinco anos ou dez anos. O contágio depende da exposição da pessoa”.

Para o tratamento da hepatite A é necessário um acompanhamento de suporte a fim de tratar as anomalias que aparecem, como febre, dor e cansaço. O tipo B, que não possui cura, exige um cuidado para evitar que a doença se multiplique, mas isso não elimina o vírus do corpo. O tratamento é ofertado na rede pública, sendo necessário ir ao médico especialista para fazer o diagnóstico correto de acordo com o tipo. Já no caso da hepatite C, que registrou um aumento nos índices de tratamento, a pessoa toma um comprimido por 12 semanas e consegue eliminar o vírus. “É muito bom falar nesse tipo de avanço. A cura de uma hepatite é um grande motivador para o tratamento”, salienta o especialista.

Por Marcella Andrade


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