Estudo relaciona pagamento de salário digno com saúde mental de trabalhadores 

O artigo apresenta elementos que justificam a importância do engajamento do setor empresarial no pagamento de uma remuneração adequada às demandas dos trabalhadores e em questões de saúde mental.

Spinelli entende que as empresas devem ser cobradas no âmbito de tais questões | Foto: FGV

Saúde mental, remuneração adequada e engajamento empresarial são os pontos centrais do estudo publicado na Revista GV Executivo, realizado pelo professor Mário Spinelli, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP). O artigo apresenta elementos que justificam a importância do engajamento do setor empresarial no pagamento de uma remuneração adequada às demandas dos trabalhadores e em questões de saúde mental.   

Sob o título “Salário digno e saúde mental: por que se engajar?”, a publicação ressalta que diversos estudos demonstram insuficiência salarial na subsistência de trabalhadores. Além disso, aponta o aumento de transtornos mentais ocasionados por questões econômicas.  

Spinelli entende que as empresas devem ser cobradas no âmbito de tais questões. Defende ainda o acesso dos trabalhadores a temas voltados ao bem-estar, e destaca a carência na remuneração para a criação da chamada reserva de emergência. 

Coalizão

O Movimento Salário Digno, da Rede Brasil do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) tem as questões acima como um ponto central de suas preocupações. Ele busca formar uma coalizão de empresas que assumam, até 2030, o compromisso público de estabelecer metas relacionadas ao pagamento de um salário digno e ao cumprimento de compromissos de ações relacionadas a saúde mental. 

Este tema também é abordado com afinco na pesquisa. O autor ressalta fatores como excesso de trabalho, jornadas inflexíveis, bullying e o risco de desemprego como gatilhos para eventuais transtornos. Aponta, ainda, um crescimento no número de suicídios em 54 países após a crise econômica de 2008, com um total de 4.800 mortes a mais do que a média usual de anos anteriores.  

Quando o que se recebe como contraprestação ao trabalho é insuficiente para atender às necessidades familiares, os transtornos de ansiedade e depressão ficam ainda mais frequentes. A OMS destaca o Brasil como país com o maior número de pessoas com transtorno de ansiedade em todo o mundo, de acordo com o artigo. Tais dados relacionam-se diretamente a dados recentes do Banco Mundial, que demonstram o Brasil entre os dez países com a maior desigualdade de renda do planeta. 

Pensando na conexão entre salário digno e saúde mental, o estudo provoca um debate ao relacionar o papel das empresas na redução da pobreza e da desigualdade social. Dessa forma, passam a assumir um protagonismo que até então era restrito ao poder público. 

Nesse sentido, Spinelli buscou apresentar elementos suficientes para justificar a importância do engajamento do setor empresarial no pagamento de uma remuneração adequada às demandas dos trabalhadores e de seus familiares.  

“As empresas precisam estimular discussões permanentes sobre a questão, fomentar a elaboração de planos de ação para construir um ambiente de trabalho saudável e produtivo, oferecer apoio especializado para aconselhamento e atendimento aos trabalhadores, organizar campanhas para reduzir estigmas e pré-conceitos em relação a transtornos mentais e promover ações de melhoria da qualidade de aspectos ligados a questões psicossociais”, avalia Spinelli. 

Da Redação | Fonte: FGV


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