Calor, umidade e má alimentação aumentam riscos de candidíase no verão 

De acordo com ginecologista, a proliferação do fungo está relacionada a múltiplos fatores, incluindo alimentação inadequada, privação do sono e estresse.  

Theresa Leo, ginecologista da Unimed Vitória | Foto: Divulgação

O surgimento da candidíase genital, provocada pela proliferação do fungo Candida albicans, está diretamente relacionado aos hábitos diários de cada um. É por isso que, de acordo com Theresa Leo, ginecologista da Unimed Vitória, região metropolitana do Espírito Santo, os riscos de desenvolvimento desta condição no período do verão aumentam, especialmente entre as mulheres.  

E engana-se quem pensa que o problema está apenas no fato de o calor e umidade existentes nessa época do ano facilitarem a proliferação do fungo. Fugir da rotina alimentar, exagerar no álcool ou até aumentar os níveis de estresse também podem ser gatilhos que, juntos, abrem as portas para a candidíase.  

“A alta ingestão de alimentos e bebidas ricos em açúcar, carboidratos, bebidas alcóolicas, a qualidade do sono, nível de estresse e o controle das comorbidades são situações que as pessoas devem ter atenção. Além do aumento da temperatura e umidade, que favorece o desenvolvimento dos fungos e bactérias, o recesso escolar e do trabalho motiva as pessoas a consumirem alimentos com muito açúcar e farinha refinada. Tudo isso favorece uma mudança no organismo e o desenvolvimento da candidíase”, explica Theresa.  

Usar trajes de banho úmidos por muito tempo, fazendo a combinação de calor e humidade, provoca a proliferação do fungo. “Principalmente quando as pessoas frequentam balneários e piscinas, pois tradicionalmente usam roupas que abafam a circulação de ar”.  

Sintomas

A ginecologista esclarece que a cândida vive no organismo, colonizando a pele, a mucosa bocal e a área íntima. Já a candidíase se manifesta quando há um desequilíbrio entre o fungo e o sistema imunológico. Essa situação pode se estender por meses caso os pacientes não procurem tratamento. 

“Os sintomas mais comuns de candidíase são irritação, coceira, secreção, ardência, queimação e, às vezes, a região afetada pode ficar inchada e avermelhada. Em algumas situações os sinais do quadro podem causar confusão com uma infecção urinária, mas após fazer o exame ginecológico, a pessoa descobre que é uma candidíase”, diz a médica.   

Tratamento 

 Theresa Leo pontua que o desenvolvimento desta condição deve ser encarado como um alerta para que mudanças no estilo de vida sejam feitas.  

“Já houve casos de mulheres grávidas que não trataram a candidíase e tiveram perdas na gravidez, ou seja, nesses casos os bebês já nasceram com a infecção pela candidíase. Pessoas em tratamento com quimioterapia e idosos também podem ter infecções fúngicas, ficando propensas ao mesmo risco. A condição do fungo pode ser somente uma alteração da qualidade de vida, quando é um episódio agudo isolado, mas se não for tratada pode evoluir para uma situação muito grave”.  

O tratamento tem o objetivo de enfraquecer o fungo. Quando há o desequilíbrio no organismo, o paciente deve fazer o uso de antifúngico (pode ser em comprimido, cápsula, creme ou spray).  Mas, se os fatores que fazem esse fungo aparecer não forem controlados, novos episódios vão acontecer.  

“Quem tem uma vida noturna devido ao trabalho, por exemplo, tem uma predisposição maior para desenvolver candidíase, pois o sono reduzido interfere no organismo como um todo, agindo sobre o metabolismo e no sistema imunológico. Por isso, além do tratamento farmacológico, o paciente deve mudar hábitos do dia a dia”.   

Segundo a especialista, métodos populares de tratamento, como banho de assento com bicabornato e uso de óleo de coco e de iogurte podem trazer alívio dos sintomas, mas não servem como tratamento. “O óleo de coco, em especial, tem duas substâncias, ácido láurico e ácido caprílico, que diminuem a aderência do fungo nas paredes da região íntima. Mas não existem estudos robustos para que possamos afirmar que ele sirva como tratamento”.  

A médica conclui: “cuidar da saúde intima é muito mais do que simplesmente tomar uma cápsula ou usar um creme. É ter atenção para a saúde de forma integrativa, olhando para o emocional, alimentação e para a qualidade do sono. É olhar e analisar como está a vida pessoal. Assim, é possível ter certeza de que cada um terá uma boa condição de saúde”.  

Por Maíra Mendonça


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