Primeiro dia de folia é marcado por muito samba e homenagens à cultura afro-brasileira

Foto: Adriel Francisco

Ruas cheias, muita alegria, sorrisos e samba no pé. O carnaval está de volta e no primeiro dia de programação (17.02), os blocos do Carnaval Ouro Negro deram um show de beleza no Circuito Osmar, no Campo Grande.

A quinta-feira de carnaval é marcada como o dia do samba e diversos trios desfilam com atrações que trazem o ritmo, com foliãs e foliões que esperavam ansiosos pelo retorno. Como a aposentada Laurenice de Jesus, 76 anos, integrante do Bloco Alerta Geral, que falou sobre sua animação com o retorno da festa de rua e relembrou quando começou a cair na folia. “Quem saía era meu marido, que era folião nato. Quando ele faleceu, não queria vir mais. Por incentivo de amigas, decidi seguir com a tradição de sair no Alerta e lá se vão 16 anos”, relembra.

O Bloco Alerta Geral levou uma multidão para a avenida e homenageou um dos seus fundadores, José Luís Lopes, conhecido como Zé Arerê, que completa 50 anos de samba na avenida. “Fiquei emocionado com essa homenagem, porque estou vivo para celebrar mais um carnaval. Hoje voltamos com muito samba no pé, muita alegria e muita festa”.  Os convidados do trio foi o baiano Eduardinho FM e os cariocas Xande de Pilares e Arlindinho, filho do sambista Arlindo Cruz.

Para Diego Lopes, diretor do bloco, iniciativas como o Ouro Negro são importantes para a valorização de manifestações da cultura popular, africana e indígenas que fazem parte do carnaval da Bahia. 

Outra atração de samba foi o Bloco Pagode Total, que trouxe como tema o orixá Obaluaê e o Poder da Cura. Com uma ala de baianas segurando balaios com pipocas – alimento que representa o orixá – o bloco que completa 23 anos de avenida trouxe as atrações Samba & Suor, banda da Bahia e o cantor Suel e banda Caju pra Baixo, do Rio de Janeiro.

Superação da mulherada

Foto: Ulisses Dumas

Quem também desfilou no Campo Grande foi o bloco A Mulherada, que da voz à luta em defesa dos direitos das mulheres negras. A diretora Ana Paula Cruz, que teve covid-19 e ficou internada, agradeceu por estar viva e poder celebrar este retorno. “Fiquei entubada durante três meses por conta do coronavírus. Superar essa doença e estar aqui é uma emoção muito grande. Estamos homenageando Legbara e trazendo mais de 400 pessoas para a avenida. É uma alegria!”, disse, com lágrimas nos olhos.

Integrantes do bloco vestiram indumentárias nas cores vermelho claro e escuro, cobertas de rosas vermelhas, mostrando ao público uma viagem pela mitologia de Legbará. O bloco desfilou com três alas temáticas, percussionistas, capoeiristas, baianas paramentadas, dançarinas com indumentária de rainhas afros.

Revolta da Chibata

Ainda no Circuito Osmar, no contrafluxo – que sai da Rua Chile ao Campo Grande – o Reggae O Bloco, trouxe uma aula sobre a história preta do Brasil, com uma homenagem aos 112 anos da Revolta da Chibata e  João Cândido, o Almirante Negro. Nos anos 1910 ele que liderou o motim que teve como principal motivação o fim dos maus tratos aos marinheiros brasileiros.

O criador do bloco, Albino Apolinário, contou no trio a história do herói e enfatizou a importância de contar nossa história. “Precisamos enaltecer nossos heróis brasileiros. A luta de João Cândido foi muito importante contra os maus tratos e em defesa dos marinheiros. Foi graças a ele que foi abolido as práticas violentas executadas pela Marinha na época”, destacou.

O bloco, que celebra 17 anos de existência, trouxe um bonecão em homenagem ao Almirante Negro e contou com a presença marcante de moradores da comunidade do Pelourinho e de representantes do movimento negro, como Vovô do Ilê e Geraldão, do bloco Muzenza. O trio ainda trouxe como convidado Jeremias Gomes, filho do cantor de reggae Edson Gomes.

Desfilaram no circuito contrafluxo também os blocos Rodopiou, com Gang do Samba e Corrente do Samba, com a banda Samba Trator.

Da Redação | Com informações da Ascom/Secult/BA


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