ES terá mais de 600 casos de câncer colorretal a cada ano até 2025​

 “A estimativa é do Instituto Nacional do Câncer e revela aumento da incidência da doença no estado. Campanha Março Azul alerta para a necessidade de conscientização da sociedade 

Ao todo, 610 novos casos de câncer colorretal poderão surgir a cada ano no Espírito Santo, de acordo com as estimativas divulgadas pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) para o triênio de 2023 a 2025. Por isso, o objetivo da campanha Março Azul, que é organizada pela Sociedade Brasileira de Endoscopia do ES, pela Sociedade Brasileira de Gastroenterologia do ES e pela Sociedade de Coloproctologia Regional Leste, é promover a conscientização sobre a doença e alertar para a necessidade de prevenção.  

 De acordo com a gastroenterologista da Unimed Vitória, Roseane Bicalho, que coordena a campanha no estado, até 2018 o Espírito Santo registrava um aumento progressivo da incidência da doença. Mas, em 2020 houve uma estimativa de redução de 28% em relação aos dados de 2018 (520 novos casos por ano no para o triênio 2020-2022), apesar do aumento da incidência no restante do país. Porém, devido à falta de procura pelos exames de prevenção, principalmente a colonoscopia, em consequência da pandemia da COVID-19, os números voltaram a subir.  

Roseane aponta que 30% dos casos de câncer colorretal se manifestam em pacientes com histórico familiar desta doença. Pessoas com mais de 8 anos de doença inflamatória também são considerados de alto risco. Mas, cerca de 70% ocorrem em indivíduos sem histórico familiar, geralmente a partir dos 45 anos de idade.  

Jovens cada vez mais afetados

“O aumento é proporcional à idade, devido ao envelhecimento natural das células do intestino. Entretanto, o câncer de intestino tem aumentado muito a sua incidência em jovens, pois, ao longo dos anos, somos cada vez mais expostos a vários fatores cancerígenos (poluição, radiação, alimentação não saudável, alimentos com agrotóxicos, fumo, álcool, sedentarismo e obesidade), que induzem às mutações genéticas adquiridas em nosso organismo, levando ao crescimento desordenado de algumas células do nosso intestino, formando pólipos (adenomas ou lesões serrilhadas), que são precursoras do câncer de intestino. Quanto mais precocemente o indivíduo utiliza alimentos industrializados, se expõe à poluição, uso de agrotóxicos, entre outros, maior é o risco”, alerta a médica.  

Os maiores fatores de risco são: uso de álcool em excesso, fumo, ingestão de alimentos industrializados, corantes, conservantes, alimentos com agrotóxicos, excesso de carne vermelha, carnes processadas, defumados, e alimentos com excesso de sal, além de sedentarismo e obesidade.  

 A médica explica que existem alguns sinais de alerta para a suspeita do câncer. São eles:  presença de sangue ou redução do calibre das fezes, anemia por deficiência de ferro, emagrecimento sem causa aparente e alteração do hábito intestinal entre outros.  

Prevenção

O câncer de intestino é um dos poucos tipos que permite a prevenção, pois surge a partir de uma lesão benigna: um pólipo ou lesão plana (adenoma ou lesão serrilhada) no cólon ou reto, que demora cerca de 10 até 15 anos para evoluir para o câncer. “Pelo menos três em cada 10 pessoas com idade de 50 anos já apresentam esta lesão. Portanto, o ideal é fazer o exame preventivo, antes dos sintomas aparecerem”, ressalta Roseane Bicalho.  

 Atualmente é recomendado que todo indivíduo com idade de 45 anos ou mais inicie um programa de prevenção, que pode ser feita de duas formas: 

  • colonoscopia (endoscopia do intestino grosso: cólon e reto) a cada 5 ou 10 anos. Este exame permite visualizar e retirar a lesão, antes do câncer aparecer. Permite também a retirada do câncer se precoce, sem necessidade de cirurgia.  
  • pesquisa de sangue oculto nas fezes anualmente, que permite diagnosticar o câncer ou uma lesão que esteja sangrando, mais precocemente, antes dos sintomas aparecerem. Este exame não é recomendado para prevenção em pessoas com histórico familiar de câncer de intestino ou que fizeram colonoscopia a menos de 5 anos. Se positivo, a colonoscopia é recomendada para detectar e retirar a lesão.  
  • Parentes de primeiro ou segundo grau de pessoas que tiveram câncer de intestino são considerados de alto risco e devem realizar colonoscopia a cada 5 anos, a partir dos 40 anos de idade. Em caso de câncer hereditário (mais de dois parentes com câncer de intestino ou diagnóstico antes dos 50 anos de idade) este exame pode ser indicado mais precocemente e com menor intervalo, após aconselhamento genético. 

Contudo a gastroenterologista ressalta que a população deve estar atenta às medidas de prevenção primária do câncer do intestino, que estão relacionadas aos hábitos de vida. “Alimentação balanceada, atividade física e combate ao fumo, ao álcool e à obesidade devem começar em idade precoce, desde a infância, para o equilíbrio da microbiota intestinal e redução do risco”.  

Por Maíra Mendonça


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