Prevenção ainda é a maior arma contra o câncer de colo de útero

O papilomavírus humano (HPV), causador do câncer cervical e alguns outros, é uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns no mundo

Vacina contra o HPV é indicada como forma de prevenir o câncer de colo de útero | Foto Freepik

Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) revelam que o câncer do colo do útero é a principal causa de morte entre mulheres na América Latina. Apesar de ser evitável, a doença mata 35,7 mil mulheres a cada ano nas Américas. Se as tendências atuais continuarem, estima-se que as mortes por câncer do colo do útero nesses locais aumentem para mais de 51,5 mil em 2030, devido ao crescimento da população e aos ganhos na expectativa de vida. 

A infectologista Ana Carolina D’Ettorres salienta que não é possível prever quem vai desenvolver câncer, mas é sabido que pessoas com deficiências de sistema imunológico apresentam uma tendencia maior a ter potencial oncogênico. “Não existe nada que a gente possa fazer, objetivamente, para evitar o desenvolvimento do câncer além de trabalhar com a estratégia preventiva da infecção e rastreamento precoce do início da doença”.

O câncer de colo de útero é apenas uma das doenças que podem ser causadas pelo HPV. O vírus, que é uma das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISs) mais comuns no mundo, é transmitido por meio de contato com pele e mucosa de uma pessoa infectada. “A contaminação ocorre por meio de contato direto com essas lesões, principalmente no contato vaginal, anal e até mesmo oral. Depois que a pessoa tem o contato com o HPV ele pode ter diversos problemas de saúde, que vão desde verrugas nas mucosas, até mesmo consequencias mais sérias como o câncer cervical [o câncer de colo de utero], câncer anal, câncer de pênis, e, em alguns casos um pouco mais raros, o câncer de orofaringe”, alerta a infectologista Ana Carolina D’Ettorres.

De maneira geral, depois que uma pessoa tem contato com o HPV, ele fica no organismo por cerca de dois anos e algumas pessoas conseguem elimina-lo espontaneamente, enquanto outras seguem com a persistência viral. “A longo prazo o vírus pode desencadear consequencias mais graves como o câncer. Não existe uma forma de identificar quem possui essa capacidade de desenvolver câncer. Não existe um exame objetivo quanto a isso, e o que a gente pode fazer para evitar esse tipo de doença é usar camisinha, se vacinar e fazer o rastreio regular de câncer de colo de ótero, para tentar identificar mais precocemente as lesões”. 

Vacinação 

Existe vacina gratuita disponível no SUS contra o HPV e a indicação é, principalmente, para pré-adolescentes, jovens adultos e imunossuprimidos. Quem pode se vacinar: meninas de 9 a 14 anos; meninos de 11 a 14 anos; homens e mulheres imunossuprimidos, de 9 a 45 anos, que vivem com HIV; transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea; e pacientes oncológicos. Importante ressaltar que, no caso dos imunossuprimidos, é preciso uma avaliação médica antes de tomar a vacina.

“O HPV é muito prevalente em adultos jovens, então a vacinação deve começar antes da atividade sexual. Por isso, é indicado que os pré-adolescentes sejam vacinados na faixa etária que pode começar de 9, mas em geral fica entre 11 e 12 anos. Pessoas com até 26 anos podem ser vacinadas. A partir da faixa etária entre 27 a 45 anos é preciso fazer uma avaliação de risco e de exposição mais detalhada para identificar a indicação”, explica Ana Carolina.

Atualmente duas vacinas protegem contra o HPV 16 e o 18, que são conhecidos por causarem pelo menos 70% dos casos de câncer do colo do útero. As vacinas também podem ter alguma proteção cruzada contra outros tipos menos comuns de HPV que também causam essa doença. Uma das vacinas também protege contra os tipos 6 e 11, que causam verrugas anogenitais.  Vale ressaltar que a vacinação contra o HPV não substitui a triagem do câncer do colo do útero, que deve continuar sendo feita regularmente. 

Por Marcella Andrade


Siga A IMPRENSA ONLINE no InstagramFacebookTwitter e YouTube e aproveite para se logar e deixar aqui abaixo o seu comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *