Reposição hormonal: sete questões fundamentais sobre o tema 

Endocrinologista explica que a reposição hormonal pode levar a uma melhora significativa da qualidade de vida de homens e mulheres e nada tem a ver com o uso de anabolizantes

Foto: Divulgaçâo

Recentemente, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu que médicos prescrevam esteroides anabolizantes para fins estéticos. Um dos motivos para a medida foi o aumento do uso de forma indiscriminada. No entanto, especialistas esclarecem que esta proibição nada tem a ver com a reposição hormonal, que quando prescrita de forma responsável e individualizada, pode levar a uma grande melhoria da qualidade de vida de homens e mulheres, especialmente durante a menopausa e a andropausa.  

“A reposição hormonal é bem-vinda quando é muito bem avaliada e prescrita. Ela muda a vida de homens e mulheres. Se houver qualquer sinal de deficiência hormonal, as pessoas devem procurar um profissional (endocrinologista, ginecologista, urologista), que pode fazer esse acompanhamento. Lembrando que atividade física, alimentação e sono reparador fazem toda a diferença no tratamento”, esclarece a endocrinologista e presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia no Espírito Santo, Priscila Pessanha.  

A médica esclareceu alguns pontos importantes sobre a reposição hormonal. Confira: 

Qual a diferença entre uso de anabolizantes e reposição hormonal? 

“A resolução do CFM precisava acontecer pelo excesso de prescrição de anabolizantes. Quando a gente repõe hormônios, a gente dá para a pessoa aquilo que falta no organismo dela. Portanto, a reposição hormonal é bem-vista e faz uma diferença enorme na qualidade de vida das pessoas. O que foi proibido foi o uso de anabolizantes, ou seja, de dar ao paciente aquilo que ele não precisa. Você enche o corpo da pessoa daquilo que ela não está precisando com fins apenas estéticos”.  

O chip da beleza entra no rol de proibições do CFM? 

Sim. Diferentemente dos medicamentos, o chip da beleza não vem com bula para sabermos o que há ali e não é aprovado pela Anvisa. Nele, não há só progesterona como anteriormente era falado. Vemos hoje chips da beleza com proporção cada vez maiores de anabolizantes para aumentar libido, a performance esportiva, ganho de massa muscular. Ele nada mais é do que um anabolizante. Há ainda outra questão: quando a gente toma uma medicação oral e há um afeito colateral, a gente suspende a medicação e os efeitos tendem a desaparecer. Com o chip da beleza, que o implante é subcutâneo isso não é tão simples. A pessoa precisa retirá-lo e isso gera todo um transtorno.  

Quando fazer reposição hormonal? 

“A reposição hormonal faz muita diferença na vida da pessoa, mas ela sempre tem que ser individualizada. Precisamos olhar os aspectos laboratoriais, para confirmar a falta do hormônio, e os aspectos clínicos, porque geralmente aparecem sintomas como queda de libido, fraqueza muscular, diminuição da massa muscular, cansaço, irritabilidade, alterações de sono. Avaliamos a necessidade da reposição, olhando indicações e contraindicações de cada um. O exame confirmando e não havendo contraindicação, nós realmente indicamos”.  

Como a reposição hormonal pode ajudar na menopausa? 

“Quando a mulher entra na menopausa, é muito comum que ela fique insatisfeita com a imagem dela. É comum elas falarem que estão murchando, que estão derretendo. Com a reposição hormonal há uma melhora de aspectos, como pele e cabelos. Também há melhora de sintomas como o fogacho, que são aqueles calorões; da irritabilidade; do sono, ganho de massa muscular e melhora da libido, porque é preciso ter libido. Os aspectos conjugais mudam muito quando a mulher passa bem por essa fase. Mas, outro ponto muito importante é que quando a mulher tem estilo de vida mais saudável, ela passa pelo climatério e pela menopausa de forma mais sutil, leve e com menos sintomas. Isso inclui uma alimentação com alimentos mais naturais, menos carboidratos e menos industrializados, prática de atividade física regular e sono reparador. Isso muda o rumo da menopausa”. 

Reposição hormonal pode aumentar risco de câncer? 

“Quando feita de forma responsável, não. Existe muito um estigma porque as pessoas associam reposição hormonal ao risco aumentado para câncer. Mas antes de prescrever a reposição nós temos que olhar para a história clínica de cada pessoa, se há casos de câncer na família, se existe algo formal que contraindique a reposição. É uma avaliação que deve ser feita individualmente”.  

Homens na andropausa também podem fazer reposição hormonal? 

“Sim. Por haver um estigma, os homens falam menos sobre a andropausa. Mas nessa fase eles podem ter fraqueza muscular, queda de libido, desânimo para realizar atividades diárias, irritabilidade, alteração de sono, sinais de depressão. Quando repomos a testosterona, a gente vê que esse homem muda. Vemos que muitas vezes esse homem já foi ao psiquiatra, usou antidepressivo e não resolveu. Ou seja, a tristeza era provocada pela falta da testosterona”.  

Há um limite de tempo para fazer reposição hormonal? 

“No caso da mulher, para começar a reposição, temos o que chamamos de janela de oportunidade, ou seja, podemos entrar com hormônio ou até os 65 anos de idade ou até dez anos após a menopausa. Existe esse tempo até para ver se ela se adapta aos sintomas ou não. Em relação ao tempo de uso, não há tempo certo, é muito individual. Algumas mulheres param de usar após dez anos de uso e se sentem bem, outras precisam voltar a usar, mas em doses menores. O importante é fazer o tratamento com acompanhamento e continuar fazendo exames como mamografia, ultrassonografia etc. Para os homens, a mesma coisa. É preciso ir acompanhando e avaliando exames como o PSA, que é aquele exame que rastreia o câncer de próstata”. 

Por Maíra Mendonça


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