Espírito Santo conquista sua décima Indicação Geográfica: a pimenta-rosa

Reconhecimento por Indicação de Procedência para São Mateus foi publicado nesta terça-feira (18)

Ana Paula Martin produz pimenta-rosa na Fazenda Lagoa Seca em São Mateus | Foto: Divulgação

Maior produtor brasileiro de pimenta-rosa, o Espírito Santo recebeu, nesta terça (18), o reconhecimento pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) de sua décima Indicação Geográfica (IG) com essa especiaria. A IG tem como especificidade a Indicação de Procedência para o município de São Mateus, centro produtor de pimenta-rosa. Com essa concessão, o INPI chega a 112 IGs, sendo 79 Indicações de Procedência (todas nacionais) e 33 Denominações de Origem (24 nacionais e 9 estrangeiras).

O produtor de pimenta-rosa e presidente da Associação dos Produtores de Aroeira do Espírito Santo (Nativa), Reginaldo Castro, acredita que a partir de agora os produtores serão protagonistas de verdade. “A expectativa era muito grande para essa conquista e conseguimos alcançar essa primeira fase. Digo que é a primeira etapa, porque muito pode ser feito a partir dessa IG. Nós, os produtores, trabalhamos há muitos anos com a pimenta-rosa e agora todos que trabalham com esse produto poderão aparecer de verdade, muitas oportunidades vão surgir”.

Reginaldo Castro produtor de pimenta-rosa e presidente da associação Nativa | Foto: Divulgação

Atualmente muito exportada para mercados como os da Europa, Ásia e Estados Unidos, a pimenta-rosa pode ganhar mais popularidade dentro do Brasil. “Trabalhamos com o óleo essencial da aroeira, fazemos outros derivados dela. Os produtores terão a oportunidade de explorar mais o mercado diretamente, sem intermediários”, pontua Reginaldo.

Ana Paula Martin, que também produz pimenta-rosa na Fazenda Lagoa Seca em São Mateus, celebra a concessão da nova IG: “Recebemos mais uma Indicação Geográfica de origem, aqui onde tudo isso começou, em São Mateus. Para nós, produtores rurais, isso é muito importante porque teremos o reconhecimento da qualidade dos nossos produtos para os mercados nacional e internacional”.

O Serviço de apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae/ES) teve participação essencial na indicação.  “Por volta de 2017 foi feito um diagnóstico pelo Sebrae/ES em que o potencial de IG da pimenta-rosa apontava para o município de São Mateus, com maior força na região conhecida como Nativo. Esse processo foi bem discutido com a consultoria da Inovates, que participou da construção dessa IG”, detalha a Gabrielly Ranauro, analista da regional Norte do Sebrae/ES que acompanhou todo o processo de perto.

Impactos econômicos

Com a conquista da nova IG espera-se a valorização do produto de São Mateus nos mercados internacionais e nos mercados nacionais. “Com a garantia da origem, isto é, uma garantia oficial de que a pimenta-rosa é realmente de São Mateus, o caderno de especificações técnicas deve ser seguido para garantir a qualidade que é característica da pimenta-rosa produzida aqui. O produto já é pauta de exportação, mas existe um mercado nacional importante que precisa aprender a consumir essa pimenta”, afirma Gabrielly.

Anselmo Buss Junior, diretor do Instituto Inovates, contratado pelo Sebrae/ES para cuidar da estruturação da IG da pimenta-rosa, lembra que a indicação começou depois de um diagnóstico feito no estado inteiro. “Com a metodologia aplicada pelo Sebrae, foi apontado esse potencial da pimenta-rosa e avaliou-se que já estava no momento de pedir a IG. Agora a organização dos produtores vai cuidar dessa IG e os produtores da pimenta-rosa devem se tornar os maiores protagonistas”.

Importante salientar que as parcerias com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), com a Associação dos Exportadores de Especiarias do Espírito Santo, a Cooperativa dos Produtores Agropecuários da Bacia do Cricaré (Coopbac) e a associação Nativa foram e continuam sendo essenciais para o trabalho que continua a ser feito daqui em diante.

No estado, São Mateus é o grande polo de produção e processamento da pimenta-rosa, líder nas técnicas de manejo da espécie e considerado o maior produtor e exportador mundial desde 2012. Além disso, a cidade foi reconhecida, em 2020, como capital estadual das especiarias. Em 2016, por exemplo, a produção capixaba chegou a cerca de 300 toneladas por ano, sendo 200 colhidas apenas em São Mateus.

Por Marcella Andrade


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