AVC silencioso pode causar demência vascular ao longo do tempo 

Embora geralmente sejam imperceptíveis, quando ocorrem em sequência, os AVCs silenciosos podem ter como consequência é o declínio de habilidades, como memória e raciocínio 

Foto: Divulgação/UnimedVitória/ES

Boca torta, fraqueza ou dormência em um dos lados do corpo e dificuldade para falar estão entre os principais sintomas do Acidente Vascular Cerebral (AVC) e acendem um alerta de que é preciso buscar ajuda médica o mais rápido possível. No entanto, existem ainda os derrames cerebrais que ocorrem com sinais bem mais difusos, muitas vezes sem que os pacientes percebam. O chamado “AVC silencioso” pode ser o responsável pela demência vascular, que tem como consequência a perda progressiva de habilidades, como memória, raciocínio, fala e funções motoras.  

De acordo com o neurocirurgião e neurorradiologista intervencionista Ulysses Caus Batista, a demência vascular é atualmente a segunda maior causa de demência no mundo, ficando atrás somente do Alzheimer. “A demência vascular ocorre em função de doenças vasculares e pode ser provocada pela oclusão de um grande vaso do cérebro, em que vai haver a lesão de uma grande área cerebral, mas também pode acontecer por meio de uma sequência de pequenos AVCs”.  

Ulysses explica que o AVC ocorre quando o fornecimento do sangue para o cérebro é interrompido, causando danos nas células cerebrais devido à falta de oxigênio e nutrientes. No caso do AVC silencioso, a lesão provocada no cérebro é menor, mas ao longo do tempo, se eles continuarem ocorrendo, as lesões vão se acumulando, afetando uma região cada vez maior do cérebro.  

Ainda de acordo com o especialista, por serem quase imperceptíveis, é comum que os pacientes só o descubram quando passam por uma avaliação mais rigorosa. “Às vezes acontece de o paciente com 60 anos chegar ao consultório, a gente pedir exames para analisar a condição do cérebro e descobrirmos que ele já teve um AVC”, exemplifica Ulysses. Ainda segundo ele, existem também os AVCs pequenos, ou seja, aqueles que afetam pequenos vasos, causando perdas neurológicas menores, que podem ser recuperadas com um acompanhamento multidisciplinar.  

Como os AVCs silenciosos geralmente não são detectados previamente, a melhor forma de combatê-los é com a prevenção. Uma dica, aliás, que vale para qualquer tipo de AVC. “É preciso evitar e tratar os fatores de risco para o Acidente Vascular Cerebral. São eles: a hipertensão, o diabetes, as doenças do colesterol e o sedentarismo”, lista Ulysses.  

O neurocirurgião lembra também que os AVCs de modo geral são hoje a segunda maior causa de mortalidade no mundo, além de serem a primeira maior causa de incapacidade. Por isso, tão importante quanto a prevenção é o tratamento precoce. Em caso de qualquer sintoma súbito neurológico, o paciente precisa ser encaminhado o mais breve possível ao hospital.  

“O tratamento é baseado em tempo. Quanto mais tempo se passa, mais neurônios são perdidos e as sequelas aumentam.”, alerta o médico. 

Por Maíra Mendonça


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