Saúde debate dificuldades do SUS em Cachoeiro

Espírito Santo

Comissão ouviu médico intensivista, que relatou problemas como lista de espera para cirurgia e falta de médicos nas especialidades de cirurgia geral e cirurgia vascular

Um dos assuntos em pauta foi a realização de mutirões de saúde para exames e cirurgias eletivas | Fotos: Ellen Campanharo

Número reduzido de profissionais especializados, filas para cirurgia e falta de estrutura são alguns problemas relatados pelo médico especialista em clínica médica e intensivista Gastão Gonçalves Coelho, que atua em Cachoeiro de Itapemirim, região sul do Espírito Santo. O tema foi discutido na reunião da Comissão de Saúde realizada nesta terça-feira (22).

De acordo com os dados apresentados pelo médico, na área de ortopedia existem 50 pacientes na fila aguardando cirurgia e apenas um médico para atender. Para cirurgia geral e cirurgia vascular, não há profissional pelo SUS, apenas na rede particular, que conta com cerca de 10 profissionais. 

Além da contratação de profissionais especializados, Gastão reforçou a necessidade de investimento em equipamentos de exames e procedimentos, como salas de cirurgias e aparelhos de artroscopia e videolaparoscopia. 

Gastão Gonçalves

“O Centro Regional de Especialidades (CRE) de Cachoeiro de Itapemirim já teve uma equipe de 80 médicos. Hoje estamos com 17 médicos efetivos e outros 16 contratados, com grande rotatividade. É uma equipe pequena para o tamanho da demanda”, opinou Gastão. Ele ainda relatou que o município possui 32 Unidades Básicas de Saúde, nenhuma delas com equipe completa para atendimento.

A reunião foi presidida pelo deputado Dr. Bruno Resende (União) e contou com a presença dos deputados Hudson Leal (Republicanos), Pablo Muribeca (Patriota), Zé Preto (PL) e Callegari (PL).

Atenção primária 

O investimento na atenção primária, que é o primeiro nível de atendimento em saúde, normalmente realizado nas Unidades Básicas de Saúde, foi defendido como uma medida essencial na área. 

Deputado Dr. Bruno Resende – Comissão de Saúde

“Quando não trata a pressão alta, vai ter que tratar o paciente infartado. Quando não faz o preventivo, vai ter que tratar o câncer de colo de útero. O investimento na prevenção dentro da atenção básica é essencial para melhorar todo o sistema”, defendeu o deputado Dr. Bruno. 

“O que nós passamos em Cachoeiro não é muito diferente do que acontece em todo o Estado. Não adianta inaugurar um posto de saúde sem a equipe completa multidisciplinar formada por 10, 12 pessoas. Não é difícil resolver isso”, disse Gastão. O médico também acrescentou que é preciso contratar profissionais com experiência para esse tipo de atendimento na saúde primária. 

Deputado Dr. Bruno Resende – Comissão de Saúde

O deputado Callegari discutiu o problema da especialização médica. “É um problema generalizado, em várias profissões. E na saúde, nós também vemos essa dificuldade de formar bons profissionais.” 

O modelo de “mutirão da saúde”, que são atendimentos coletivos de exames e cirurgias eletivas, normalmente para áreas com grande contingente de pacientes para serem atendidos, foi pauta no encontro. 

“O mutirão resolve em partes um problema crônico de espera para algum procedimento. Precisa fazer o mutirão porque alguma coisa não está funcionando e está se formando essa demanda muito grande com uma oferta insuficiente”, opinou Dr. Bruno. Gastão Coelho foi taxativo: “O mutirão se faz necessário pela nossa incompetência de gestão em saúde”.

Por Gabriela Zorzal


Siga A IMPRENSA ONLINE no InstagramFacebookTwitter e YouTube e aproveite para se logar e deixar aqui abaixo o seu comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *