Resistência bacteriana é um dos grandes desafios da medicina

Foto: Divulgação

A resistência antimicrobiana (RAM), que compromete a eficácia da prevenção e do tratamento de um número crescente de infecções, é um dos grandes desafios da medicina a serem vencidos. A RAM representa uma ameaça crescente à saúde pública mundial e requer ações de todos os setores do governo e da sociedade. Chama-se de resistência antimicrobiana o que ocorre quando microrganismos – bactérias, fungos, vírus e parasitas – sofrem alterações quando expostos a antimicrobianos, isto é, antibióticos, antifúngicos, antivirais, antimaláricos ou anti-helmínticos, por exemplo. 

“Cada dia mais observamos na prática clínica que os germes estão cada vez mais resistentes e com pouca, algumas vezes nenhuma, opção terapêutica. Quando usamos antibióticos de forma desnecessária ou inadequada (dose inadequada, tempos inadequados ou droga inadequada) para o tipo de infecção do paciente, estamos dando ‘munição ao inimigo’, uma vez que os germes têm capacidade de desenvolver resistência aos antibióticos e disseminar essa resistência para outros tipos de bactérias”, alerta a infectologista Ana Carolina D’Ettorres. Os microrganismos resistentes à maioria dos antimicrobianos são conhecidos como ultrarresistentes.

O impacto que a RAM tem na saúde é o surgimento de infecções intratáveis. “Pessoas poderão morrer com infecção pelo simples fato de não existir um antibiótico que mate a bactéria resistente. A redução de resistência antimicrobiana é multifatorial. Precisamos nos conscientizar sobre o uso racional de antimicrobianos. Nem toda enfermidade exige uso de antibióticos, e esses medicamentos não devem ser utilizados para infecções virais, visto que tratam somente bactéria”, explica Ana Carolina.

A escolha dos antibióticos deve ser feita com precisão, o tipo certo para cada infecção, no tempo certo. A especialista aponta que antibióticos ingeridos por um longo período não oferecem melhores tratamentos, pelo contrário, aumentam o risco de desenvolvimento de resistência. “É necessário sempre individualizar a escolha para cada caso. Não existe uma receita de bolo para a prescrição de antibióticos, cada caso deve ser avaliado com cuidado pensando sempre no paciente e no contexto geral da resistência antimicrobiana”.

Outra estratégia que reduz a resistência antimicrobiana é a vacinação: existem vacinas contra infecções bacterianas, como, por exemplo, a vacina contra pneumonia. “Se você é imunizado, terá menos eventos infecciosos ao longo da vida e será menos exposto ao antibióticos. Isso reduz a resistência antimicrobiana”, destaca a infectologista.

O uso indiscriminado de antimicrobianos na agropecuária também é algo a ser discutido. Ana Carolina salienta que é comum o uso de antibióticos para provocar o crescimento de alguns animais, principalmente aves. “Esse uso indiscriminado também induz a resistência de germes, que não serão restritos aos animais e irão contaminar o ambiente, a água, e, eventualmente, causar doenças em humanos”.

Por Marcella Andrade


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