Tratamento contra o HIV avança, mas desinformação ainda é o grande desafio

1º de dezembro foi estabelecido como o Dia Mundial de luta contra a Aids | Foto: Divulgação

Neste ano, cientistas alemães revelaram o quinto caso registrado no mundo de um paciente curado do HIV. Também foi anunciada este ano a pílula única para o tratamento do vírus, o medicamento Dovato, um enorme avanço para quem vive com o HIV. Entretanto, mesmo com tantos avanços no tratamento para as pessoas que vivem com o HIV, o preconceito e a desinformação seguem como grandes desafios. 

Para auxiliar na tarefa de conscientizar sobre o HIV, o dia 1º de dezembro foi estabelecido como o Dia Mundial de luta contra a Aids. “Essa data é mais uma oportunidade para apoiar pessoas com o HIV, oferecer informações de qualidade e melhorar compreensão do vírus como problema de saúde pública”, destaca a infectologista Ana Carolina D’Ettorres.

Informações do mais recente Boletim Epidemiológico de IST/Aids/HIV, de 2022, da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), mostram que houve um aumento de 60% de 2011 para 2021 nos casos diagnosticados no Espírito Santo. Ainda segundo a publicação, entre os anos de 1985 a dezembro de 2021, foram notificados 18.850 casos de pessoas vivendo com HIV no Estado, sendo 12.950 casos do sexo masculino (68,8%) e 5.900 casos do sexo feminino (31,2%). 

Apesar de a ciência vir proporcionando soluções cada vez mais eficazes para pessoas que contraíram o HIV, ou ainda qualquer outra Infecção Sexualmente Transmissível (IST), falta informação de qualidade e sobra preconceito. “No consultório, é grande o número de pacientes que nunca conversou abertamente com um médico sobre saúde sexual ou ISTs. A maioria dos portadores de ISTs não apresenta sintomas e pode transmitir as infecções sem saber que está contaminado”, alerta Ana Carolina.

A regra é simples: se tem a vida sexual ativa, é indicado fazer testes a cada quatro meses. Para quebrar essa cadeia de transmissão é necessário tratar os infectados e imunizar a população. A infectologista salienta que prevenir é se preparar para um cenário antes que ele aconteça. “Não conversar sobre o assunto não isenta pessoas que têm uma vida sexual ativa de se infectar. Informação, diálogo e prevenção caminham juntos. São inúmeras as possibilidades preventivas e, certamente, existe uma adequada à sua realidade, seja ela qual for”. 

Para a infectologista é preciso ter conversas francas e regulares com os profissionais de saúde sobre a vida sexual. “Não existe certo ou errado quando o assunto é sexo. Existe aquilo que funciona e o que não funciona para a prática sexual de cada um. O mais importante é garantir que todos, especialmente aqueles que estão em situação de maior vulnerabilidade e exposição às ISTs, tenham acesso ao sistema de saúde, e que esse acesso seja justo e respeitoso”, defende. 

O cenário atual é animador para pessoas com HIV. Ainda não existe cura para a Aids, mas o tratamento com antirretrovirais garante estabilidade ao vírus do HIV, evitando o aparecimento da doença ou retardando significativamente o seu progresso, prevenindo infecções secundárias e complicações. Pacientes em tratamento regular, que alcançam uma carga viral indetectável, deixam de transmitir o vírus. Quer dizer, uma pessoa que vive com HIV, e faz o tratamento continuamente, tem uma vida semelhante à população que não vive com HIV. 

A chegada do Dovato ao SUS, um medicamento que reúne dois dois comprimidos, o dolutegravir e a lamivudina, em um só, demonstra a evolução já alcançada pela medicina. Com esse avanço a pessoa só precisa tomar uma pílula por dia, deixando para trás o esquema de tratamento com muitos comprimidos, o que, consequentemente, aumenta a adesão ao tratamento. 

“Incorporar o Dovato ao SUS é um grande avanço, pois além de ser uma medicação altamente eficaz, com raros efeitos colaterais, tem um conforto posológico de ser apenas uma tomada por dia, o que facilita a aderência ao tratamento e garante maior qualidade de vida. A simplificação visa garantir menores chances de efeitos colaterais como lesão no rim e osteoporose, que podem ser causadas pelo tenofovir. É importantíssimo que o médico avalie se o paciente é elegível para esse esquema, considerando o histórico do paciente e condição clínica atual”, ressalta Ana Carolina.

A infectologista orienta que é fundamental buscar direcionamento com um médico de confiança para tirar todas as dúvidas sobre as medicações de tratamento do HIV. “Uma conversa franca e sem medos com o seu médico pode desmistificar muitas ideias antigas e garantir uma excelente qualidade de vida para quem vive com HIV”.

Por Marcela Andrade


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